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Wassef diz que Queiroz seria assassinado e que o escondeu para “proteger” o Presidente Bolsonaro

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A capa da revista “Veja” desta semana é Frederick Wassef, ex-advogado e conselheiro do presidente Jair Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro. A revista estampa a fotografia do ex-primeiro amigo dos Bolsonaro. Entrevistado pelos repórteres Daniel Pereira e Sergio Ruiz Luz, o suposto “Anjo” tenta explicar por qual motivo decidiu proteger uma pessoa que “não” conhecida e não defendia, como advogado: “Passei a ter informações de que Fabrício Queiroz seria assassinado. O que estou falando aqui é absolutamente real. Eu tinha a minha mais absoluta convicção de que ele seria executado no Rio de Janeiro. Além de terem chegado a mim essas informações, eu tive certeza absoluta de que quem estivesse por trás desse homicídio, dessa execução, iria colocar isso na conta da família Bolsonaro que o matou em uma suposta queima de arquivo para evitar uma delação”.

CAPA DA VEJA DESTA SEMANA.

Os repórteres indagam sobre os interessados na morte de Queiroz, o homem-bomba 1 (o homem-bomba 2 seria o advogado). Wassef diz: “Eu tive informações absolutamente procedentes e formei a minha convicção de que iriam matar Queiroz e iriam colocar a culpa no presidente Bolsonaro para fazer um inferno da vida dele. Na verdade, seria uma fraude. Algo parecido. Algo parecido com o que tentaram fazer no caso Marielle, com aquela história do porteiro que mentiu”. O que Wassef diz é tão grave que a polícia e o Ministério Público têm de ouvi-lo para que apresente provas do que está dizendo. Ou se está tão-criando uma tese para desviar o debate do assunto principal — que um suposto criminoso estaria recebendo proteção do presidente da República e do senador?

Quem tem realmente a perder se Fabrício Queiroz realmente optar por uma delação premiada? Em tese, aparentemente, apenas Flávio Bolsonaro.

Quando Queiroz foi preso num imóvel de Wassef — que lhe ofereceu três imóveis para que o faz-tudo de Flávio Bolsonaro se escondesse —, o advogado conta que ligou para o presidente Bolsonaro e pediu desculpas. “Eu telefonei para o presidente Bolsonaro, ele me atendeu. Eu pedi desculpas. Falei: ‘Presidente, não tenho como te explicar agora por telefone. Eu estou muito triste por tudo o que aconteceu, eu lhe peço desculpas por ter omitido isso”. Bolsonaro, na versão do advogado, “ficou bastante descontente com a minha atitude”. Como Wassef muda de versão a cada entrevista, não se sabe o que dirá amanhã. Mas à “Veja”, ele disse, apesar de jurar lealdade: “Não se deveria virar as costas para antigos aliados”. A frase, aparentemente enigmática, seria uma ameaça?

“Veja” insiste: “é difícil acreditar que o sr. nunca tenha falado com o presidente sobre o Queiroz”. Wassef responde: “Eu lhe garanto que eu nunca contei ao presidente Bolsonaro. Quando eu puder dizer os motivos, vocês vão me entender e vão me dar razão. É uma questão de segurança. Fiz para proteger o Flávio. Fiz para me proteger. Fiz para proteger o presidente. Então eu assumi um risco de fazer isso porque eu sei o que é melhor para o filho dele”.

Seguindo a tese de Bolsonaro, Wassef diz que a prisão de Queiroz foi hollywoodiana. Pode ter sido. Mas como poderia ser diferente se a pessoa a ser presa estava “escondido” numa casa do advogado do presidente da República e de um senador, filho do presidente? Até por uma questão de segurança, era mesmo preciso um grande aparato.

Os repórteres da “Veja” não registram, mas, durante toda a entrevista, Wassef se comporta como uma espécie de advogado “informal” de Queiroz e, inclusive, do miliciano Adriano. Ele demonstra saber tudo, ou quase tudo, sobre os problemas de Queiroz e Adriano.

Numa entrevista de mais de 15 mil caracteres (que gerou a capa), os repórteres não fizeram nenhuma pergunta sobre o faturamento da ex-mulher de Wassef no governo Bolsonaro — acima de 40 milhões de reais. Por que, se Bolsonaro vinha afastando prestadores de serviço que atuaram nos governos do PT, a ex-mulher do advogado foi mantida, tendo o faturamento elevado?

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