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Sargento da PM é afastado sob suspeita de cobrança de propina e agressão a mototaxista

Crédito: Reprodução / TV Bahia

Um sargento da Polícia Militar, suspeito de extorquir mototaxistas, foi afastado de suas funções, conforme confirmou a corporação nesta sexta-feira (16). A denúncia, feita por trabalhadores, aponta que os mototaxistas eram obrigados a pagar R$ 100 por semana aos militares. O caso está sob investigação da Corregedoria da PM.

Além da denúncia de cobrança ilegal, o mototaxista Luís Daniel relatou ter sido agredido após sua casa ser invadida por policiais. O episódio teria ocorrido depois que ele se recusou a pagar a propina exigida. Luís Daniel contou que, na quarta-feira (14), estava em um ponto de ônibus na praça conhecida como “Gavião” quando começou a ser intimidado pelos policiais. Desconfortável, ele decidiu voltar para sua casa, nas proximidades do local.

Segundo Luís Daniel, ele foi perseguido por policiais da 18ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Periperi), que dispararam três vezes em sua direção, sem atingi-lo. “Eles disseram que eu cometi desacato no ponto dos mototáxis, mas eu não fiz isso. Eles ficaram me intimidando com olhares, pararam na minha frente e eu tive que disfarçar, sendo que não fiz nada”, afirmou o mototaxista.

Já em frente à sua casa, Luís Daniel foi agredido com socos, mas conseguiu entrar na residência. Ele informou que mais policiais chegaram ao local, quebraram o cadeado e invadiram o imóvel sem mandado. “Ficaram quatro viaturas na minha porta, mais de 20 policiais. Meteram um alicate no meu cadeado, me espancaram no quarto, xingaram minha esposa, não respeitaram minha família”, denunciou.

Em entrevista ao programa Bahia Meio Dia, da TV Bahia, Luís Daniel revelou ter sido agredido com coronhadas e chutes na barriga, além de ter urinado nas calças após ser enforcado. “Não resisti. Fomos violados fisicamente: eu, meu filho e minha esposa. Tenho exames de corpo de delito, receita médica, tudo organizado para provar tudo o que aconteceu comigo”, relatou.

O comandante da 18ª CIPM, major João Daniel, informou por telefone que o caso está sob investigação. Ele mencionou que os policiais receberam uma denúncia de que a motocicleta de Luís Daniel teria sido usada em assaltos. Sobre essa alegação, a família de Luís Daniel argumenta que o filho, Luís Daniel Júnior, realmente cometeu assaltos com a moto em 2022, mas que o vídeo do crime, que circula nas redes sociais, está sendo utilizado de forma indevida pelos policiais para justificar a abordagem.

O jovem admitiu o delito passado, mas criticou o uso do vídeo antigo pelos policiais. “Já cometi assalto, mas eles estão usando um vídeo gravado há dois anos para sujar minha imagem. Procurei minha melhora e estão usando esse vídeo por causa desse caso deles atual”, declarou.

A família também divulgou um vídeo que, segundo eles, mostra um policial cobrando propina dos mototaxistas. A perseguição a Luís Daniel teria ocorrido após os policiais descobrirem que a família possuía essas imagens. “Quem aparece no vídeo é o policial Salomão, acostumado a pegar dinheiro dos mototáxis. Eles cobram R$ 100 por semana e, se não pagarmos, somos retaliados, como fui”, afirmou Luís Daniel.

As imagens mostram um homem saindo de um carro branco, que, segundo a apuração da TV Bahia, tem restrição de roubo. Em nota, a Polícia Militar informou que a Corregedoria está apurando o caso por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). Foram ouvidas as pessoas que fizeram a denúncia, e novas diligências serão realizadas para coletar depoimentos de todos os envolvidos, incluindo os policiais militares. A PM também busca por evidências que possam esclarecer as circunstâncias do ocorrido.

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