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Projeto de lei que proíbe arrastão na quarta de cinzas de Salvador prevê multa de R$ 500 mil

O Projeto de Lei (PL) 45/16, que proíbe o tradicional arrastão na quarta-feira de cinzas do carnaval de Salvador por conta da quaresma e foi recentemente aprovado pela Câmara de Vereadores, prevê uma multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento da determinação por artistas, grupos musicais ou quem organizar o arrastão.

Segundo o texto, o dinheiro arrecadado servirá para conservar, recuperar e melhorar prédios religiosos do município. Por telefone, a assessoria da Prefeitura informou ao G1 que a administração não vai se posicionar sobre o caso até a análise do projeto.

O projeto foi votado na quarta-feira (11) e recebeu 38 votos a favor, 2 contra e 1 abstenção. O texto está em processo de redação final e deverá ser remetido para a Prefeitura na próxima semana. Após o recebimento, o prefeito ACM Neto terá 15 dias para decidir se veta ou sanciona a lei. Se for sancionada, a determinação já deve valer para o carnaval de 2020.

O site G1 teve acesso ao documento nesta quinta-feira (12) e detalha pontos importantes. Segundo o texto, de autoria do vereador Henrique Carballal (PV), nos últimos anos, a festa impediu a realização da missa que abre a preparação para a páscoa cristã ao causar o fechamento das igrejas localizadas no percurso dos foliões.

O texto gerou polêmica entre foliões e artistas na cidade. Nesta quinta-feira (12), Daniela Mercury, que, entre outros cantores baianos, já participou do arrastão, gravou um vídeo para a TV Bahia comentando a aprovação do projeto na Câmara. A artista diz que é contra e cita a laicidade do país para rebater o texto.

“Eu estou sentida com essa notícia que a Câmara de Vereadores decidiu não haver mais arrastão. Não consigo compreender essa decisão, sendo a cidade tão diversa, com uma população que tem muitas crenças e em um país laico. Então, eu gostaria de lembrar que [o arrastão] também se tornou um momento em que as pessoas que trabalham durante o carnaval têm para se divertir. Fica aqui o meu pedido e o meu clamor para que possamos continuar a fazer um arrastão espontâneo, como sempre foi, para que o carnaval tenha seu dia de confraternização”, conta Daniela.

Já a Associação de Moradores e Amigos da Barra (AMABARRA), bairro onde o arrastão é realizado, por meio da representante Sônia Garrido, diz que é a favor da proibição do arrastão, mas sustenta uma motivação diferente da apontada pelo projeto de lei.

Tradicional em Salvador, o arrastão foi criado em 1995 pelo cantor Carlinhos Brown. A festa surgiu inicialmente para possibilitar que as pessoas que trabalhassem no carnaval pudessem curtir após a festa. No entanto, ao longo dos 24 anos de existência, o evento agregou os foliões, que esperam para aproveitar até o final.

A festa é realizada no circuito Barra-Ondina, na orla de Salvador, o principal circuito da festa. Além de Brown, diversos artistas já participaram da folia. Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Claudia Leitte, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Márcio Victor com a banda Psirico e Alinne Rosa são nomes que já desfilaram no local. Porém, nos últimos anos, os artistas mais tradicionais se afastaram.

Em 2018 e neste ano, o comando da festa ficou por conta do cantor Léo Santana, que, junto com Danniel Vieira, agitou milhares de pessoas.

Além de Daniela Mercury, o G1 procurou alguns dos artistas citados no texto para saber o posicionamento sobre o projeto, mas alguns preferiram não se posicionar e outros ficaram de dar retorno, mas não responderam até a publicação desta reportagem.

Fonte: G1

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