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Palácio Arquiepiscopal da Sé é reaberto depois de 20 anos fechado

FOTO: SARA GOMES

O Palácio Arquiepiscopal da Sé, que estava fechado há 20 anos, foi reaberto na noite desta sexta-feira (6). A cerimônia, que teve início às 18h, contou com a presença do Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger; do prefeito de Salvador, ACM Neto, da presidente do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN), Kátia Bogea; do superintendente do IPHAN na Bahia, Bruno Tavares; além de padres, religiosos, leigos e outras autoridades.

De acordo com Dom Murilo, a entrega e a restauração do Palácio é um marco para a cidade. “Desde o começo do século XVIII este Palácio está aqui no Centro da Cidade. Para mim é uma alegria poder participar desse momento, vê-lo inaugurado, numa luta que começou desde que cheguei aqui em Salvador, em 2011. Além do mais, é um alívio saber que conseguimos chegar ao fim, em meio a esta crise do Brasil.  Então, esse é um verdadeiro milagre”, afirmou. O processo de restauração durou cinco anos, sob o comando do IDH (Instituto do Desenvolvimento Humano) e contou com o investimento financeiro do BNDES, Itaú Cultural, Global Participações em Energia e Prefeitura Municipal de Salvador.

O prédio que serviu como morada de bispos e arcebispos abrigará, a partir de agora, o Centro de Referência da Igreja Católica no Brasil, bem como uma exposição permanente e outras temporárias. “Na parte de baixo será para exposições, como agora tem a de presépios. A parte do meio será um museu: a Igreja no Brasil. Depois na parte de cima uma sala para reuniões e a sala para o Arcebispo que dá para a Baía de Todos os Santos”, disse Dom Murilo.

Para o presidente do Centro Cultural Palácio da Sé, padre Abel Pinheiro, a restauração do Palácio da Sé é também um resgate da história. “Aqui pulsou a Igreja, com a sua direção pastoral, a sua direção administrativa, por quase três séculos. Este prédio não poderia ficar aqui fechado, por isso Dom Murilo fez todas as investidas possíveis e conseguiu a aprovação de um projeto pelo Ministério da Cultura, que foi apoiado pelo BNDES, por outras empresas e pela própria Arquidiocese, e agora este prédio está aberto para visitação pública para contar a história da Igreja no Brasil”, disse.

Foto: Sara Gomes

Segundo o prefeito de Salvador, ACM Neto, este momento leva a olhar para o futuro. “Hoje é um dia muito especial para todos nós. Eu sei o quanto o senhor e o padre Abel se empenharam desde o início, na concepção do projeto de restauro deste Palácio, em seguida na concepção do conteúdo deste museu que se torna hoje mais um importante espaço de visitação popular da nossa capital e toda a mobilização que fizeram desde o Governo Federal na obtenção de recursos, passando pela parceria com a iniciativa privada, e aqui também temos recursos privados que foram mobilizados para a realização desta obra, chegando na modesta contribuição que foi dada pela Prefeitura de Salvador”, disse.

Mas, o que vai funcionar no Palácio?

No térreo do Palácio haverá uma área disponível para exposições itinerantes e realização de eventos corporativos, permitindo a sustentabilidade do local. O espaço foi inaugurado com uma exposição de presépios da coleção particular do engenheiro e arquiteto Celso Basto de Oliva. Este acervo começou a ser montado em 1948, pelo seu pai, que mantinha a tradição em montar presépios e decorava-os utilizando diversos materiais, entre eles: papel, panos, vela, terracota, cristal e pedra-sabão. Haverá ainda uma exposição de móveis dos séculos XVII e XVIII com curadoria do antiquário Sérgio Caloula.

O primeiro pavimento do Palácio conta com a exposição permanente “A Igreja e a formação do Brasil”, composta de acervo próprio e bens históricos remanescentes de outros prédios religiosos, como a antiga Catedral da Sé, que fora demolida em 1933 para dar lugar a atual Praça da Sé.

Também funcionará a sala do Laboratório de Conservação e Restauração Reitor Eugênio Veiga (LEV), que irá expor importantes documentos históricos restaurados. O laboratório, que atualmente se encontra na Universidade Católica do Salvador (UCSal) – Campus da Federação, tem como missão restaurar, preservar, pesquisar e difundir o acervo documental da Igreja Católica no Brasil. O acervo conta com mais de 16 mil documentos, entre os restaurados e não restaurados.

Já no segundo pavimento funcionará o Centro Administrativo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia.  Nesta área o prédio conta no seu acervo permanente com o arcaz da antiga Igreja da Sé, a galeria dos Bispos e Arcebispos da Bahia e Primazes do Brasil, bem como com um espaço especialmente dedicado ao Arcebispo Sebastião Monteiro da Vide, responsável pela construção do Palácio. Além disso, no local acontecerão atendimentos e audiências do arcebispo, bem como secretarias da administração da Arquidiocese, uma capela episcopal, uma biblioteca e uma sala de conferência.

Fotos: Sara Gomes

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