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Musicoterapia ao ar livre marcam as tardes dos pacientes do Hospital Espanhol

Imagem divulgação

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SESAB), as tardes de sol têm sido ainda mais iluminadas para os pacientes de leitos de enfermaria do Hospital Espanhol – unidade referência para tratamento da COVID-19 – porque agora também estão musicadas. As sessões de musicoterapia saíram dos quartos e estão acontecendo ao ar livre, nas varandas dos andares, com vista para a Baía de Todos os Santos.

O musicoterapeuta Marcos Barbosa, que desde o último mês de maio leva música para os pacientes internados, considera a inovação do local muito positiva já que se tem a oportunidade de juntar arte e natureza, no processo de tratamento. “O ambiente do quarto, num isolamento, é monótono e triste. Nas varandas daqui, a gente desfruta da oferta natural de uma vista maravilhosa! Os pacientes ficam deslumbrados. Proporcionar um ambiente agradável, melhora bastante o humor de quem está doente”, comenta o musicoterapeuta.

Os pacientes em condições físicas de andarem pequenos trechos são acompanhados pela equipe de psicologia, durante o passeio à varanda. Muitos deles, se soltam, dançam e se descontraem. A paciente Maria da Conceição Silva Souza, 58 anos, quando participou pela primeira vez, cantou, dançou, orou e se disse feliz, ao voltar para o seu quarto: “Senti a presença de Deus aqui. Me curou! Estou muito alegre, muito feliz da vida”.

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Para a psicóloga Jaqueline Amorim, da equipe do Hospital Espanhol, a vivência musical na varanda funciona como a promoção da empatia, que é sentir pelo outro e se sentir como o outro, sabendo abraçar a alma. “Durante a hospitalização os pacientes se veem em um mal estar psicológico muito grande, deixando que eles fiquem fragilizados, com a capacidade de adaptação e reação ao estresse do confinamento bem elevados, produzindo respostas fisiológicas e emocionais que podem impactar no sistema imunológico e na condição do equilíbrio mental para o enfrentamento. Esta vivência traz para o paciente a sensação de bem estar”, complementa Jaqueline. Ela também solta a voz, cantando e o corpo, dançando, junto aos pacientes.

Mais varanda e menos O2

A coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital, Cristiane Dactes, explica que a atividade vai além da terapêutica psicológica, porque contribui para ampliar a assistência restritiva ao leito e, em alguns casos, para o desmame do uso do oxigênio hospitalar. Muitos pacientes já estão curados e fisicamente prontos para a alta. Mas o medo de voltar a sentir a falta de ar que enfrentou, a dificuldade para respirar, ainda permanece. “A insegurança impede que deixem de receber o oxigênio, com tranquilidade, mesmo quando o gás não lhes é mais necessário. Estes passeios e permanência temporária na varanda, observando o horizonte, mostra-lhes que o mundo lá fora os aguarda e que eles já podem retomar suas vidas, de casa”, esclarece a psicóloga.

Em uma dessas tardes, o paciente Domingos Pinheiro da Silva, 75 anos, estava na varanda achando que aquele seria o melhor momento do seu dia. Mas foi surpreendido com a notícia que pessoas hospitalizadas sonham em receber: “O senhor está de alta, Seu Domingos” – informou a enfermeira  -“vamos voltar para o quarto para se arrumar e ir para sua casa”. Os heróis da saúde e os pacientes que estavam juntos, na varanda, agradeceram e comemoraram pela vitória de Seu Domingos para a Covid-19. Ele foi um dentre os mais de 560 curados, no Hospital Espanhol, desde o dia 25 de abril, quando houve a primeira alta.

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