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Fake news: é mentira afirmação de que ivermectina mata o coronavírus, aponta especialistas

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Está circulando uma  fake news que alega que a Ivermectina é a cura contra a COVID-19. Mais uma vez, a notícia falsa surge após a interpretação errônea de um estudo científico publicado.  

Em tempos de pandemia, muitas vezes as fake news que circulam mais rapidamente são aquelas prometendo a cura da doença. Na pandemia da COVID-19 não está sendo diferente.

A hidroxicloroquina que teve a autorização para uso no tratamento da covid-19 cancelada pela FDA nos Estados Unidos, após mais de 2 milhões de doses serem enviadas ao Brasil, não é a única “cura milagrosa” da doença a circular nas redes sociais. Desmentido em meados de abril, o vermífugo ivermectina voltou às correntes na internet nos últimos dias.


De acordo com os sites especializados “Boatos.org” e “Sanamed.com“, é falsa a informação que diz que cientistas australianos teriam descoberto um remédio que trata o novo coronavírus. De acordo com a corrente que vem sendo compartilhada nas redes sociais, o medicamento que é utilizado no tratamento de piolhos e sarna, impediria a ação do crescimento do SARS-Cov-2 em células in vitro.


Assim como outras substâncias, a ivermectina também foi estudada no intuito de descobrir um tratamento eficaz contra a covid-19.

Entretanto, novamente, uma pesquisa foi divulgada de forma bastante alarmista, o que acendeu as esperanças de muita gente. O estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Monash e do Instituto Peter Doherty de Infecção e Imunidade, na Austrália, mostrou uma ação anti-viral da substância ivermectina sobre o SARS-CoV-2 em células in vitro. O fármaco foi capaz de inibir a replicação do RNA do vírus, isto é, conter a reprodução do vírus dentro da célula.

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Apesar do resultado positivo, os próprios cientistas envolvidos na pesquisa afirmaram que o estudo foi realizado apenas em células in vitro (uma das etapas mais básicas de uma pesquisa na área da saúde). Eles destacaram que mais testes, como o pré-clínico e o clínico em humanos, são necessários para comprovar a eficácia do medicamento no combate à doença. É importante frisar que caso a substância em análise comece a apresentar mais prejuízos que benefícios durante qualquer fase do experimento, o estudo pode ser suspenso.


De acordo com a publicação, em nenhum momento, os cientistas que realizaram o estudo sobre a ação da ivermectina sobre o SARS-CoV-2 afirmaram que a substância é a cura da Covid-19. Além disso, desde que a informação começou a circular nas redes sociais, ela já foi desmentida por serviços de fact-checking da Colômbia, de Portugal e do Brasil. De acordo com o site Colombia Check, a informação referente a “destruir o vírus em 48 horas” diz respeito a resultados obtidos em laboratório. Já o serviço de fact-checking Polígrafo destacou que o diretor comercial de uma empresa farmacêutica, responsável por grande parte da produção mundial da ivermectina, disse que só saberemos se o medicamento será eficaz para o tratamento da Covid-19 daqui a “seis ou nove meses”. Além disso, o Estadão Verifica destacou que a ivermectina também apresentou resultados semelhantes em estudos sobre a AIDS, a dengue, a influenza (gripe comum) e o zika vírus. Entretanto, nenhuma dessas pesquisas apresentou resultados mais expressivos.


A conclusão é que a informação que diz que a ivermectina é a cura contra o coronavírus (Covid-19) é falsa. O estudo sobre a ivermectina existe, foi desenvolvido por pesquisadores australianos, mas as análises ficaram restritas a experimentos em células in vitro. Ou seja, falta muito para sabermos se, de fato, a ivermectina pode ser eficaz contra a Covid-19.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) condenou o uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento contra a Covid-19. De acordo com o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, esse tipo de ação pode trazer “falsas esperanças” à população.


Além disso, a OMS também evita tratar o termo “cura”, pois os pesquisadores ainda não entendem completamente como o vírus pode se manifestar ou se comportar no organismo humano.

Referências

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