A brasileira Carolina Arruda, 27 anos, viralizou nas redes sociais ao compartilhar a sua rotina com o diagnóstico de Neuralgia do Trigêmeo, doença rara conhecida como a “pior dor do mundo”. A estudante de medicina veterinária conta que suas dores começaram após recuperação de uma dengue recém contraída.
Semelhantes a choques, as pontadas faciais ocorrem, geralmente, em um lado da face e se tornam mais frequentes e intensas conforme o tempo passa, podendo até incapacitar o indivíduo de sua rotina. “A neuralgia do trigêmeo é uma condição caracterizada por dor intensa no rosto, geralmente causada por problemas no nervo trigêmeo, causando crises que podem durar até 2 minutos ininterruptos. Em geral, o sujeito não tolera dormir com o apoio desse lado da face e medicações analgésicas podem ser pouco efetivas”, explica a Bucomaxilofacial baiana Thainá Mendes (@drathainamendes), que cuida de casos no Nordeste e em São Paulo.
As causas da neuralgia essencial do nervo trigêmeo ainda não são conhecidas, mas podem ser associadas a procedimentos odontológicos, lesões faciais ou cirurgia, tumores, doenças neurológicas e até mesmo infecções pelo vírus responsável pela Herpes Zoster, porém, muitas vezes a causa exata não é identificada, sendo denominada como “idiopática”. Em geral, a dor é desencadeada por um estímulo sensorial
Cirurgias bucomaxilofaciais tratam causas semelhantes e crescem no país e no Nordeste:
A Neuralgia do Trigêmeo ainda não tem cura, porém, enquanto a medicina avança, existem outras doenças que também geram dores na face e que já alcançam tratamentos comprovados. Bruxismo, mordida cruzada, osteomielite, abcessos dentários e doença periodontal são alguns desses casos.
Segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, estima-se que aproximadamente 10 milhões de brasileiros necessitam de cirurgia nos maxilares. O procedimento visa corrigir problemas funcionais graves, como enxaquecas, apneia, dores na musculatura da face, e de mastigação incorreta, além de melhorar a estética e consequentemente a autoestima.
No Brasil, o número de cirurgias bucomaxilofaciais tem crescido em diversos estados, como é o caso de Brasília. O Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) antes operava quatro pacientes por mês, mas, em 2024, saltou para 10. Na Bahia, Mendes explica que tem visto crescimento na busca por cirurgias semelhantes por conta de disfunção na ATM. “A cirurgia de ATM busca corrigir as disfunções que afetam a sua articulação temporomandibular. Na prática, ela busca reestabelecer a posição dos discos articulares, diminuir dor e inflamação local na articulação, para que tudo volte a trabalhar em equilíbrio”, conta Thainá.
No caso da Neuralgia, Carolina lida com o problema no quinto nervo craniano, considerado um dos maiores, localizado nas partes superior, média e inferior da face. Sua funcionalidade está ligada diretamente a sensibilidade e movimentos do rosto, desde o topo da cabeça, toda a face e a maior parte da boca e língua. Segundo a Thainá, quando o nervo é afetado por diferentes causas ele é contraído e causando a intensa dor.
Inovações chegam na Bahia:
Salvador tem recebido inovações, como tecnologias e práticas feitas fora do país. O Hospital Mater Dei, no qual a Dra. Thainá é uma das cirurgiãs, o foco é em abranger essas novidades. “Primeiro, é importante entender os sintomas da necessidade de cirurgia na face, estabelecendo um diagnóstico completo. Normalmente dores articulares são muito confundidas com dor de ouvido. Entretanto, se tornam mais frequentes e intensas conforme o tempo passa”, explica.
Nos momentos de crise, a pessoa sente um choque e a dor pode se espalhar por várias partes do rosto, como testa, olhos, nariz, ouvidos, maxilar e lábios. A Bucomaxilo Thainá Mendes afirma: “A neuralgia do trigêmeo ainda não tem cura. O tratamento visa principalmente aliviar a dor e pode envolver uma combinação de medicamentos, terapias e, em alguns casos, cirurgia”.
Pesquisas continuam sendo realizadas a respeito de causas e tratamentos para a doença, sendo destacados procedimentos cirúrgicos com Botox e rizotomia para auxiliar no alívio da dor.
