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Dezenove de setembro é o Dia Municipal da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Salvador

Foto: Bruno Concha / Secom Pms


“Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”. A frase é de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, que completaria 99 anos no dia 19 de setembro. A data foi instituída em Salvador como o Dia Municipal da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em decreto publicado no ano de 2015, justamente em homenagem ao grande educador.

A EJA é uma modalidade de educação básica ofertada pela Secretaria Municipal da Educação (Smed), nas etapas I e II (EJA I a EJA II), que somam, atualmente, 18 mil educandos. “Trabalhamos numa perspectiva de garantir direitos àqueles que não tiveram acesso à escolarização no período regular. É na Educação de Jovens e Adultos que alunas e alunos consideram como espaço de acolhimento, de construção e partilha de saberes, espaço de vida”, diz Olgalice Suzarte, técnica-pedagógica da Gerência de Currículo da Smed, que destaca avanços no atendimento com a abertura de turmas da EJA  no diurno e implementação do projeto de qualificação profissional inicial, com oferta de cursos para as turmas de EJA II, dentre outras ações.

E em meio a pandemia do coronavírus, o processo educacional tem se adaptado, com novos formatos e possibilidades, como o ensino remoto, um desafio para toda a comunidade escolar. No segmento, foi preciso buscar estratégias pedagógicas para manter o vínculo dos estudantes com a Escola, possibilitando uma rotina de estudos. A Smed disponibiliza aulas na TV aberta, vídeoaulas no canal do YouTube, atividades impressas, além do acesso a Plataforma da Escola Mais.

Durante o período, práticas desenvolvidas por muitas escolas vêm fortalecendo a rotina de estudos de alunas e alunos matriculados na EJA. Na Escola Municipal Alto de Coutos, as atividades curriculares são impressas e entregues semanalmente. Os alunos promovem reuniões no grupo de whatsapp para debate sobre determinados conteúdos que estejam em pauta e tiram dúvidas com professoras/es. A coordenação também criou um módulo de higiene e saúde, que culminou no envolvimento dos alunos na produção de detergente, contribuindo para a geração de renda complementar.

Todos os alunos recebem as atividades e normalmente 60% delas são devidamente respondidas e devolvidas para a escola na data combinada. Mas a gestão escolar almeja que 100% dessas atividades retornem para correção. Para isso, já se articulou para entregar os blocos de atividades no momento da entrega mensal das cestas básicas.

“O acesso à internet foi o principal desafio. Os alunos com idade acima de 60 anos têm aparelho de celular mais simples sem acesso aos aplicativos. Por esse motivo, disponibilizamos as impressões e agendamos o dia e horário melhor para eles pegarem na escola”, explica a gestora da Escola Municipal Alto de Coutos, Emanuelle Montes.

Conforme a coordenadora Márcia Leone, os estudantes da EJA merecem atenção especial, pois se afastaram da escola em algum momento da vida e retomaram os estudos à base de muito esforço. “Procuramos a cada dia reinventar um procedimento novo, criando alternativas. Temos muito apoio da gestora da escola em nossas ações, fizemos parcerias com o Coletivo Água da Fonte, um grupo de jovens universitários daqui do bairro que nos ajudam muito”, conta.

Na Escola Municipal Senador ACM, com 172 alunos da EJA, a distribuição das atividades também é semanal, o acesso ao grupo de whatsapp é sempre à noite, obedecendo o horário de aula na escola. “Qualquer aluno pode solicitar orientação no dia que tem aula daquela disciplina, organizamos atividades de duas matérias por semana. Além disso, alguns professores disponibilizam material de apoio ao conteúdo da atividade e vídeos explicativos. Mesmo com as dificuldades estamos garantindo uma proximidade e rotina”, destaca a diretora Ivone Carlos.

A diretora Ana Rosa Iberti, da Escola Municipal Cidade de Jequié, reúne-se semanalmente com as professoras e professores para alinhar as práticas desenvolvidas com o grupo de alunos. Ela afirma ainda que os estudantes são incentivados a acessarem a plataforma da Escola Mais e assistir às aulas na TV, a coordenação monta um esquema de rodízio para que sempre tenha professores e gestão no horário das aulas para tirar dúvidas pelo whatsapp. “Estamos sempre procurando manter o contato com nossos alunos para que não se sintam desmotivados e evadam”, completa Ana Rosa.

Todo o esforço empregado da gestão das escolas, para manter alunas e alunos mais próximos, mesmo que à distância ameniza, mas não é a mesma coisa que participar das aulas presenciais. A saudade é grande do burburinho dos corredores, os encontros com os colegas e debates em sala de aula. Para a aluna TAP III, Mariana Cunha, o bom mesmo é o encontro com a turma e professores.  “Prefiro a escola, lá os professores estão mais perto, trocamos ideias. Estou tentando me adequar, mas não é a mesma coisa”, disse.

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