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Como artistas estão sobrevivendo sem shows e com teatros fechados

Imagem divulgação

Nos últimos 20 anos, o teatro musical vem ganhando muita força, principalmente em São Paulo. A vinda de “Les Miserables”, numa montagem grandiosa, exatamente como o espetáculo da Broadway, este musical marcou uma nova no teatro brasileira, pois até este momento o teatro apresentava majoritariamente as peças do teatro de revista.

Cantar, dançar, sapatear e atuar bem exigem horas e horas de trabalho diário. A formação deve ser completa e bem abrangente, pois o nível de exigência do público vem  aumentando todos os dias e as grandes produções recebem em torno de 1000 nas audições abertas. São 7 apresentações semanais, mais as horas de aquecimento, maquiagem, treino, e ensaios, muitos ensaios. Essa amada rotina dos artistas, como a rotina de todos os outros profissionais, foi brutalmente interrompida durante a pandemia. Mas, o show não pode parar.

As escolas de teatro musical, dança e canto tiveram que se reinventar, assim como as escolas de ensino regular. Mas, quando as atividades envolvem exercícios físicos que precisam de correção postural, ensaios de atuação conjunta e uma troca emocional para que a mágica aconteça, as adaptações extrapolam o simples: dar aula pelo Zoom.

Catarina Marcato, formada em teatro musical na New York Film Academy, já tinha alguma experiência com as aulas à distância quando as escolas e teatros fecharam. Ela estava em cartaz com o show Fleetwood Mac, ensaiando o musical Pro Dia Nascer Feliz, que estrearia no final de abril no teatro Prevent Senior, iniciando as audições para um projeto infantil de destaque e como todos, teve que rever sua agenda, atividades e aulas.

“Para mim, o mais importante para nós que ensinamos arte, é termos o cuidado de perceber o momento do aluno, seja para canalizar todos os sentimentos do canto – por exemplo, usufruindo de cada emoção para evoluir, quanto perceber no que podemos tocar ou não. Fazer o aluno entender que existem “dias ruins” e que “tá tudo bem”, é o passo mais importante para desenvolver resiliência e evitar desistências por frustração, diz Catarina.

A artista, pensa que a melhor forma de passar por este período é encará-lo de forma positiva e aproveitar para  aprofundar os estudos, dedicar mais tempo à teoria e expandir o repertório de peças, livros, musicais, filmes e shows. Coisa que muitas vezes não temos tempo num cotidiano corrido, e que sem dúvida, contribuem para a formação de um artista completo.

“Eu sempre me dediquei demais aos estudos e nos Estados Unidos, além do curso que desenvolve o seu potencial artístico, a escola também te prepara para que você saiba criar sua carreira, desenvolver seus projetos de arte como um negócio. Foi esta preparação que me ajudou a desenvolver uma forma única de trabalhar com cada aluno. Criando um projeto individualizado de estudo, exclusivo para cada perfil, para cada aluno. Este não é o momento de estudar algo que não gosta. Às vezes, é necessário estudarmos gêneros musicais que não sejam os nossos preferidos, para que possamos expandir nossos horizontes e complementar a formação, faz parte. Mas, não acho que seja o momento para isso. Estamos num momento atípico. As crianças devem encontrar na música, na arte, um momento de paz e diversão, 100% positivo. Isso já é algo que eu ensino normalmente: se divertir! A auto-cobrança é enorme e assim acabamos deixando de curtir fazer algo que amamos.”

Pessoalmente, sinto muita falta do contato humano, eu gosto de estar frente a frente com meu aluno, com meu elenco, com meu diretor… Não parei meus projetos no Estúdio Broadway, ou no Clube Pinheiros e seguimos ensaiando, pela internet, só aguardando o momento de pisar novamente no palco onde vai interpretar a Srta. Fleming no musical Heathers, com direção de Fernanda Chamma.

Catarina Marcato é formada em Teatro Musical pela New York Film Academy, voltou ao Brasil em 2019 para dar continuidade à sua carreira como atriz, cantora, professora e diretora musical e também tem participado de projetos comunitários.

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