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Antigo prédio do Hospital Couto Maia é ocupado movimentos sociais e famílias na Cidade Baixa, em Salvador

Movimentos sociais e famílias ocuparam, na madrugada deste sábado (30), o antigo prédio do Hospital Couto Maia, no Monte Serrat, na Cidade Baixa, em Salvador.

Cerca de cem famílias que moravam de aluguel ou de favor na região estão no local. Elas querem melhores condições de moradia e a recuperação do hospital que prestava serviços de saúde para a população. O Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas e a Unidade Popular estão à frente da ocupação.

“Existem hoje, em Salvador, milhares de famílias que vivem de aluguel, que moram de favor. Essa ocupação, prioritariamente, é em defesa da moradia. É para que as pessoas possam viver com dignidade e tenham um local para morar. Outro motivo, também, é o estado em que o hospital se encontra. Na Cidade Baixa não tem um hospital para os trabalhadores. O hospital que tinha fechou, virou Hospital da Mulher, que é um hospital geral. Nós queremos a reabertura desse hospital também”, disse Victor Pires, coordenador do Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas.

A ocupação, chamada de Maria Felipa, em referência à marisqueira que, em 1822, liderou mulheres negras e indígenas contra os portugueses na luta pela independência, acontece na parte onde funcionava a área administrativa do prédio. As famílias espalharam colchões pelo local e estão usando armários e levaram até um fogão para uma das salas.

Desde julho de 2018 que o Hospital Couto Maia mudou de local e funciona no bairro de Cajazeiras, também em Salvador. À época, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) disse que ia ser construída uma nova unidade no local.

“Você tem um prédio como esse, que poderia estar servindo para o próprio hospital, apesar de estar funcionando em outra unidade, em outro endereço, inclusive, extremamente longe daqui, desassistindo uma rede de famílias, de bairros aqui no entorno. Então, a gente acha que tem sim que cumprir uma função social [o antigo prédio do hospital]“, disse Eslane Paixão, presidente do Movimento Popular.

O hospital existe há quase 170 anos e foi construído para ser uma unidade de isolamento para atender pacientes com febre amarela vindos de navios mercantes. Com o tempo, se transformou em uma referência no tratamento de doenças infecciosas e parasitárias. Chegou a atender mais de 1.500 pessoas por dia.

Sobre a invasão do antigo prédio, a Sesab disse que está adotando as medidas legais para que as pessoas possam sair da unidade de forma pacífica. Em relação à nova unidade que vai funcionar no prédio, a secretaria disse que uma licitação de reforma e ampliação será publicada em janeiro do ano que vem.

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