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‘Vão me entubar’: Namorada de jovem que morreu com Covid-19 em hospital na BA diz que ele mandou áudio assustado

Imagem divulgação em redes sociais

Segundo informações do site G1, a família de um jovem de 19 anos, que morreu no Hospital de Campanha do Wet’n Wild, em Salvador, um dia após ter o resultado do exame positivo para Covid-19, na manhã desta quinta-feira (2), que ele mandou um áudio assustado enquanto estava internado. Na mensagem, ele afirmou que seria entubado. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a entubação ocorreu por causa de piora no quadro do paciente.

“Eles vão me entubar todo aqui, véi. Vão desligar o aparelho. […] Venha aqui amanhã”, disse em áudio o jovem Leandro Santos Azevedo. O áudio foi enviado para a namorada, Talyta Fernandes.

Durante a troca de mensagens, Talyta pergunta para Leandro como ele está. Como resposta, o jovem comenta sobre a entubação. Ela então pergunta: “Você está entubado?”. E ele responde, também por áudio, que não está entubado e pede para ela ir ao hospital no dia seguinte.

Talyta então pergunta o que Leandro está sentindo, e ele responde que está “bem melhor”. Em seguida, ele afirma que será entubado e que o aparelho seria desligado por três dias.

Por meio de nota, a SMS disse que “de acordo com o apurado junto à empresa Associação Saúde em Movimento (ASM), gestora do Hospital de Campanha do Wet’n Wild, não houve erro/negligência médica no atendimento ao paciente Leandro Santos Azevedo”.

A SMS pontuou também que, devido a complicações do estado clínico do paciente, a equipe médica optou pela entubação, “uma vez que o tratamento com uso do respirador mecânico não estava surtindo efeito. Infelizmente, a piora clínica evoluiu rápido, apesar da utilização de toda estrutura assistencial disponível no leito de UTI da unidade”.

A nota afirmou também que uma equipe técnica da SMS, responsável pela fiscalização das metas qualitativas dos atendimentos ofertados à população pelas empresas terceirizadas, fará apuração dos fatos.

Conforme Talyta, Leandro sentiu os primeiros sintomas da Covid-19 na madrugada de segunda-feira (29), quando eles foram para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Avenida San Martin. Foi lá que ele fez o teste para o novo coronavírus.

“Ele começou a sentir falta de ar. A gente mora perto e fomos para lá [para UPA]. Ele fez o teste de Covid-19 e deu positivo. A equipe então falou que ele teria que ficar internado. Ele ficou internado na UPA por pouco tempo e, em seguida, transferido para o hospital, no dia seguinte”, disse.

Ela explica que o áudio foi mandando pelo namorado na noite de segunda. “Fui tentando deixar ele calmo. Fui dizendo que não ocorreria nada com ele. Ele começou a mandar fotos. Ele falou que iria dormir e continuei mandando mensagem para ele. A última mensagem que mandei, com uma corrente de oração, foi 1h da manhã”, afirmou.

Leandro morreu na madrugada de terça-feira (30). A família soube após uma ligação da assistente social.

“Ela ligou pedindo para levar o comprovante de residência, a identidade e o cartão do SUS dele. Na ligação, ela só mandou eu levar os documentos. Eu fui com a mãe de Leandro. E quando cheguei lá, ela falou que os pertences estavam no canto e que era para eu esperar a médica que iria conversar com a gente”, contou.

“Quando a médica chegou, ela falou que Leandro vomitou. A médica disse que a saturação dele baixou e que por isso fizeram a entubação, quando deu parada cardíaca e ele morreu”, falou.

Talyta conta que o namorado era uma pessoa muito boa e querida por todos. O casal tinha planos de morar juntos.

Confira nota completa do Hospital de Campanha do Wet´Wild.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Associação Saúde em Movimento (ASM), que administra o Hospital de Campanha montado no Wet´n wild, esclarece que o paciente LEANDRO SANTOS AZEVEDO, 19 anos, foi admitido no Hospital de Campanha do Wet´n Wild no dia 29/06/2020 por volta das 16:25h, oriundo da UPA de San Martin  (com quadro sugestivo de COVID-19. No momento da admissão o paciente já apresentava sinais de comprometimento pulmonar importante, com redução significativa da saturação de oxigênio, assim como queda nos níveis de pressão arterial, caracterizando um provável quadro de choque circulatório, necessitando inclusive de drogas vasoativas para manter a pressão arterial em níveis mínimos aceitáveis. Diante destes níveis de oxigenação e pressão arterial, é comum o paciente cursar com alteração do nível de consciência, assim como confusão mental e desorientação. Infelizmente o paciente apresentou piora rápida e importante do quadro clínico, principalmente respiratório, culminando com a necessidade de intubação orotraqueal em caráter de urgência, evoluindo posteriormente com parada cardiorrespiratória. Foi prontamente assistido pela equipe da UTI, seguindo todo o protocolo de conduta já estabelecido para essa situação extrema. O histórico de comorbidades e hábitos de vida do paciente, além da história de procura tardia por assistência na unidade de pronto-atendimento, podem ter comprometido consideravelmente o quadro clínico e o estado geral de saúde do mesmo, levando ao desfecho desfavorável. Reitero que o paciente foi prontamente assistido desde a sua admissão e não faltaram esforços de toda a equipe para salvá-lo. Não procede a informação veiculada no áudio gravado pelo mesmo, alegando que os equipamentos seriam desligados, provavelmente houve entendimento equivocado da orientação dada pelos profissionais que o atenderam na unidade. O hospital lamenta o ocorrido e se solidariza com os familiares.

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