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Presa em operação contra o tráfico, doleira Nelma Kodama volta ao Brasil e desembarca em Salvador

Presa em operação contra o tráfico internacional, doleira Nelma Kodama volta ao Brasil e desembarca na BA, diz defesa — Foto: Geraldo Bubniak/ESTADÃO CONTEÚDO

Retornou para o Brasil na noite desta quinta-feira (20), a doleira Nelma Kodama, presa em abril deste ano, na cidade de Lisboa, em Portugal, durante uma operação da polícia brasileira contra o tráfico internacional. Ela desembarcou no Aeroporto Internacional de Salvador, por volta das 22h30, segundo informação do advogado de defesa.

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O advogado da suspeita já havia anunciado o retorno dela para o país nesta semana. Nelma é suspeita de atuar como doleira para o narcotráfico e chegou a ser condenada na Operação Lava Jato.

De acordo com o escritório Nelson Wilians Advogados (NWADV), que representa Nelma Kodama, ela desembarcou em Salvador por decisão de um juiz federal, mas o motivo não foi detalhado. A suspeita viajou em um voo direto de Lisboa, em Portugal, para a capital baiana.

A doleira será encaminhada para a Superintendência da Polícia Federal, em Salvador, e depois deverá seguir para o Complexo da Mata Escura, também na capital, de acordo com a defesa.

No final de junho deste ano, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) autorizou que Nelma Kodama fosse extraditada para o Brasil. Ela entrou com um processo contra a extradição, no entanto, renunciou à continuidade da ação com a intenção de se apresentar e colaborar com a Justiça brasileira.

Além de Nelma Kodama, cinco pessoas foram presas durante a operação no Brasil, entre elas o ex-secretário estadual de ciência e tecnologia de MT, Nilton Borgato, que se licenciou do cargo para disputar uma vaga de deputado federal.

A operação, batizada de Descobrimento, cumpriu nove mandados de prisão na Bahia – onde a operação foi iniciada –, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco e dois mandados de prisão em Portugal.

No Brasil, também foram decretadas medidas de apreensão, sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias dos investigados. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela Justiça portuguesa.

Nas investigações, a PF contou com a colaboração da Drug Enforcement Administration (DEA), uma agência norte-americana de combate às drogas), da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária Portuguesa e do Ministério Público Federal.

Nelma Kodama era ex-mulher do doleiro Alberto Youssef. Em outubro de 2014 foi condenada, em primeira instância, a 18 anos de prisão por corrupção, evasão de divisas e organização criminosa.

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Sua prisão ocorreu em março de 2014 no Aeroporto Internacional de Guarulhos. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a doleira tentou fugir para Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha ao saber que estaria sendo investigada pela Polícia Federal.

Em agosto de 2019, a Justiça Federal autorizou que a doleira Nelma Kodama retirasse a tornozeleira eletrônica e fosse solta. A autorização se deu com base no indulto natalino editado pelo ex-presidente Michel Temer em dezembro de 2017.

Um dos episódios marcantes com a doleira aconteceu em 2015, quando cantou a música “Amada Amante” durante um depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Na ocasião, ela disse que os euros apreendidos com ela no Aeroporto de Guarulhos não estavam na calcinha.

Nelma Kodama voltou à mídia em 2018, quando se tornou algo de investigação por receptação de joias roubadas. Na época, a polícia informou que ela apareceu em uma foto nas redes sociais utilizando um conjunto de par de brincos, um anel e pingente de rubis, avaliado em R$ 150 mil.

As investigações começaram em fevereiro de 2021, quando meia tonelada de cocaína foi apreendida no táxi aéreo de uma empresa portuguesa, no Aeroporto Internacional de Salvador. A droga foi encontrada enquanto a aeronave era abastecida. Na ocasião, cinco pessoas foram conduzidas para Polícia Federal. Na época, no entanto, a PF e a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) não informaram se o grupo ficou preso.

Com a apreensão, a polícia conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa, que atuava no Brasil e em Portugal. Segundo a PF, os investigados são fornecedores da cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares, que abriam a aeronave para guardar a droga. Além disso, transportadores dos voos e doleiros eram os responsáveis pela movimentação financeira do grupo criminoso.

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