A Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou na manhã desta terça-feira (10) a “Operação Overclean”. A ação mira uma organização criminosa suspeita de fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
A operação resultou na prisão de 15 pessoas em diferentes estados: Bahia, São Paulo e Goiás. Entre os presos estão empresários, ex-gestores públicos e servidores ligados ao esquema. A organização criminosa teria movimentado R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 825 milhões em contratos com órgãos públicos somente em 2024.
Ações e mandados
Foram expedidos 17 mandados de prisão preventiva e 43 de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de bens, incluindo imóveis de luxo, aeronaves, barcos e veículos de alto padrão. As ações ocorreram em cidades como:
- Salvador (BA)
- Lauro de Freitas (BA)
- Jequié (BA)
- Itapetinga (BA)
- São Paulo (SP)
- Goiânia (GO), entre outras.
Entre os presos destacam-se:
- Alex Rezende Parente – Empresário
- Fábio Rezende Parente – Empresário
- Lucas Maciel Lobão Vieira – Ex-Coordenador Estadual do DNOCS na Bahia
- Clebson Cruz de Oliveira – Ex-sócio de Fábio Rezende Parente nas empresas Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda., Qualymulti Serviços Eireli e Olgarena Comercial Ltda., foi funcionário da Larclean Saúde Ambiental Ltda. E de filial da P.A.P. Saúde Ambiental (empresa que teve como sócio administrador e responsável Pedro Alexandre Parente Júnior, pai dos irmãos investigados).
- José Marcos de Moura – Empresário “rei do Lixo”
- Fábio Netto do Espírito Santo – Apontado pela PF como atuante no Município de Senador Canedo/GO.
- Flávio Henrique de Lacerda Pimenta – Servidor na Secretaria Municipal de Educação
- Orlando Santos Ribeiro – Atuava no Município de Itapetinga/BA.
- Francisco Manoel do Nascimento Neto – Atuava no Município de Campo Formoso/BA.
- Kaliane Lomanto Bastos – Coordenadora de Projetos, Execução e Controle na Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente da municipalidade, como integrante da organização que atua no município de Jequié/BA.
- Claudinei Aparecido Quaresemin – Braço da ORCRIM no Tocantins.
- Itallo Moreira de Almeida – Braço da ORCRIM no Tocantins.
- Evandro Baldino do Nascimento – Empresário de Goiás do ramo da construção, atua fornecendo sustento logístico e operacional à ORCRIM, ocupando uma posição estratégica, embora não ocupe posição de liderança, promove ações que fortalecem a estrutura da ORCRIM, contribuindo para a manutenção de suas atividades ilícitas.
- Geraldo Guedes de Santana Filho – sócio da A G&M AGÊNCIA DE TURISMO E ORGANIZADORA, DE EVENTOS LTDA (FOCCUS PRODUCOES) e atua como uma espécie de funcionário de ALEX PARENTE, “executando funções de contabilidade, secretariado, além de tratativas diretas com agentes do setor público envolvidas nos contratos firmados com a LARCLEAN.
- Diego Queiroz Rodrigues – Atuava no Município de Itapetinga/BA.
- Ailton Figueiredo Souza Junior – Braço operacional do grupo criminoso em Lauro de Freitas/BA.
- Iuri dos Santos Bezerra – Braço da orcrim que atuava no DNOCS, na Coordenadoria Estadual na Bahia (CEST-BA).
Além disso, a PF apreendeu dinheiro em espécie durante as operações em Salvador, embora o valor exato não tenha sido divulgado.
Esquema de corrupção
As investigações apontaram um esquema que direcionava recursos públicos provenientes de emendas parlamentares e convênios para empresas e pessoas ligadas a administrações municipais. O modus operandi incluía:
- Superfaturamento de obras e contratos;
- Pagamento de propinas através de empresas de fachada;
- Lavagem de dinheiro utilizando “laranjas” e movimentações financeiras incompatíveis.
Impacto e penas previstas
As penas pelos crimes apurados, que incluem corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro, podem ultrapassar 50 anos de reclusão. O montante sequestrado até agora ultrapassa R$ 162 milhões.
Repercussão e desdobramentos
A operação contou com cooperação internacional da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna (HSI). A PF e os órgãos parceiros continuam as apurações para identificar outros envolvidos e aprofundar as conexões entre empresas e administrações municipais.
O caso gerou grande repercussão devido ao volume de recursos desviados e à abrangência do esquema, que envolvia diferentes estados e setores públicos. As investigações seguem em andamento.