O Ministério Público da Bahia (MP-BA) deflagrou nesta quarta-feira (18) a “Operação Lei Para Todos“, que mira um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis no estado. Segundo as investigações, o grupo movimentou cerca de R$ 5 bilhões entre 2010 e 2020.
Foram denunciadas 14 pessoas, ligadas à rede de jogos de azar “Paratodos”, conhecida por atuar há décadas na Bahia. Entre os bens bloqueados pela Justiça estão 91 veículos, 58 imóveis e valores em contas bancárias, totalizando mais de R$ 160 milhões.
Como funcionava o esquema
O MP-BA apontou que o grupo usava 23 empresas de fachada para inserir o dinheiro ilícito na economia formal. Essas empresas tinham duas funções principais:
- Inserir dinheiro do jogo do bicho e das máquinas caça-níqueis na economia formal;
- Blindar o patrimônio dos envolvidos, mesclando recursos ilícitos com valores lícitos obtidos de atividades legais.
A quebra dos sigilos bancário e fiscal revelou um aumento patrimonial significativo dos denunciados. Em um dos casos, o patrimônio passou de R$ 9 milhões para R$ 65 milhões em nove anos.
Denunciados
Os envolvidos foram identificados como:
- Adilson Santana Passos
- Adilson Santana Passos Júnior
- Augusto César Requião da Silva
- Frederico Pedreira Luz
- Joana Mascarenhas Requião da Silva
- João Carlos Pinto
- José Geraldo de Sousa Almeida
- José Fernando de Carvalho Júnior
- José Luiz de Oliveira Simões
- Júlio Vinícius Reis Almeida
- Leandro Reis Almeida
- Leonardo Reis Almeida
- Marcos Augusto Pinto
- Maria Teresa Carvalho Luz
Divisão do esquema
O grupo era organizado em três núcleos principais:
- Jogo do bicho tradicional: liderado por Adilson Santana Passos Júnior;
- Máquinas caça-níqueis: responsável por contrabando e operação dos equipamentos;
- Bicho eletrônico: utilizava sistemas digitais para modernizar as apostas, operado principalmente pela empresa Projeta Tecnologias e Projetos Ltda.
Bens bloqueados e apreendidos
- 91 veículos, avaliados em R$ 13 milhões;
- 58 imóveis, estimados em R$ 55 milhões;
- R$ 92,8 milhões em contas bancárias;
- 13 lanchas, três motos aquáticas, um iate e 18 aeronaves.
Fortaleza do esquema
Dois locais em Salvador, nos bairros da Liberdade e Pituaçu, serviam como bases principais do esquema, apelidadas de “fortalezas do jogo do bicho”. Os espaços contavam com segurança reforçada, incluindo muros altos, câmeras e vigias armados.
Próximos passos
Os denunciados responderão por lavagem de dinheiro, contrabando e formação de organização criminosa, cujas penas podem ultrapassar 10 anos de reclusão. O MP-BA segue aprofundando as investigações para rastrear outros envolvidos e ampliar o bloqueio de bens.