O deputado estadual Robinson Almeida (PT) fez duras críticas ao ex-prefeito de Salvador e atual vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto. Segundo o parlamentar, Neto teria atuado como lobista do empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, preso pela Polícia Federal durante a Operação Overclean. A operação desvendou um esquema de fraudes em licitações que teria movimentado pelo menos R$ 1,5 bilhão, com envolvimento de governos ligados ao União Brasil.
De acordo com Robinson, Marcos Moura foi indicado para o diretório nacional do partido pelo próprio ACM Neto. O deputado destacou que as investigações apontam mensagens nas quais o empresário pede ajuda ao ex-prefeito para liberar pagamentos de empresas denunciadas no esquema.
“Quanto mais mexe, literalmente fede”
Robinson Almeida afirmou que ACM Neto utilizava sua influência política para beneficiar Moura, acusando-o de ser um operador de tráfico de influência na prefeitura de Salvador. “A PF identificou mensagens do Rei do Lixo afirmando pedir ao ex-prefeito liberação de pagamentos de faturas de empresas denunciadas na operação Overclean. Quanto mais mexe, literalmente fede”, disparou.
O deputado também citou uma reportagem do jornalista Cláudio Magnavita, publicada no Correio da Manhã, que revela a suposta atuação de ACM Neto como lobista de Marcos Moura, oferecendo os serviços do empresário ao governo do Rio de Janeiro. Ainda segundo Robinson, documentos apreendidos pela PF mostram que a organização criminosa chefiada por Moura operava em 12 estados, muitos com vínculos ao União Brasil.
Relações próximas e contratos milionários
Além de laços políticos, Robinson lembrou que Moura possui negócios diretos com a família de ACM Neto. Ele é sócio de Renata Magalhães, irmã do ex-prefeito, em uma aeronave. Moura também teria contratos com prefeituras da Bahia comandadas pelo grupo político de Neto, incluindo Salvador.
Durante a gestão de ACM Neto como prefeito, o consórcio Ecosal, que inclui a empresa de Moura, firmou um contrato de R$ 427 milhões com a prefeitura para serviços de limpeza urbana, em 2018. O contrato, inicialmente previsto para dois anos, foi renovado e permanece ativo.
As mensagens interceptadas pela Polícia Federal reforçam a proximidade entre Neto e Moura, segundo Robinson. Nos diálogos, o empresário solicita apoio para liberar pagamentos de empresas envolvidas no esquema.
Questionamentos sobre o silêncio de ACM Neto
O deputado criticou o silêncio do ex-prefeito diante das acusações. “Essas revelações colocam mais pressão sobre ACM Neto, que sumiu. Sempre atrás de holofotes, com opiniões para tudo, agora o ex-prefeito se esconde. O que será que ele tem a dizer? Ou vai se comportar como um negacionista, e negar os vínculos que tem com Marcos Moura?”, provocou Robinson Almeida.
O caso segue sob investigação da Polícia Federal, enquanto cresce a expectativa por um posicionamento público de ACM Neto sobre as denúncias e o relacionamento com Marcos Moura.