Home Coronavírus

Contratos dos respiradores têm diferença de mais de R$ 700 mil e divergência na cláusula de garantia da entrega

Imagem divulgação

Segundo acesso da TV Bahia aos contratos de compra dos respiradores, existe diferenças entre o contrato que foi analisado e o assinado pelo governador Rui Costa, em nome do Consórcio Nordeste, que vão desde o valor da compra e do seguro, à cláusula das garantias da entrega.

De acordo com o procurador-geral da Bahia, Paulo Moreno, o contrato analisado para compra dos respiradores do Consórcio Nordeste é diferente do que foi repassado para ser assinado pelo governo.

Segundo Moreno, o contrato analisado previa a garantia de execução e entrega dos equipamentos, mas o documento teria sido modificado depois da análise dos procuradores.

“Houve uma inconformidade entre a análise que nós fizemos e o contrato que foi assinado, o que motivou que o governador imediatamente adotasse uma medida voltada a um processo de sindicância para exatamente esclarecer este ponto: o contrato que chegou lá com o contrato que havia inconformidades com o que nós analisamos pela PGE”, disse o procurador.

“Basicamente, a gente identificou a questão da garantia da execução. Essa garantia da execução ela não constou no contrato. Então é um erro grave” – Paulo Moreno, PGE.

Nesta sexta (19), a TV Bahia conseguiu com exclusividade uma cópia dos documentos.

A primeira diferença está no valor da minuta do contrato, que é o rascunho do acordado entre as partes, onde o total da compra é de pouco mais de R$ 49.475.358. No que foi assinado, pouco mais de R$ 48.748.575, uma diferença de R$ 726.783.

Outra diferença está no valor do seguro do transporte: na minuta, R$ 615.678. Já no contrato assinado, R$ 606.632, em uma diferença de R$ 9.046.

Além dos valores, outra alteração entre a minuta e o contrato assinado é a redação da cláusula que fala das garantias da entrega dos respiradores que seriam comprados na China.

Na cláusula sétima da minuta consta a contratação de um seguro internacional para o transporte, com o objetivo de resguardar a entrega dos ventiladores ao contratante.

No entanto, no documento assinado o texto diz que a seguradora se responsabiliza pelo transporte, mas a partir do momento do embarque dos equipamentos.

Como o seguro estaria condicionado ao embarque e os respiradores chineses não foram comprados, existe a dúvida com relação à Hempcare ser liberada da obrigatoriedade de assegurar os respiradores.

Toda revisão de contratos do estado é de responsabilidade da procuradoria, o que chegou a ser feito com a minuta. O procurador-geral Paulo Moreno responsabilizou a administração do consórcio nordeste pelo governador Rui Costa ter assinado um contrato que não era igual ao que passou por revisão.

“O contrato não precisa retornar para a PGE. Ele, com base nessas recomendações, o órgão responsável, que no caso é o Consórcio, faz as correções eventuais devidas no próprio contrato, e depois é colhida a assinatura do responsável, que no caso do Consórcio é o próprio governador. Se ficou claro para o governador que houve todo esse procedimento, ele assina o contrato que chega lá levados por quem despacha com ele esse processo”, explicou Moreno.

A minuta do contrato foi assinada eletronicamente pelo secretário executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas. A TV Bahia tentou contato com ele para tratar do caso, mas não conseguiu falar.

O contrato final foi assinado, também eletronicamente, por Cristiana Preste Taddeo, dona da empresa Hempcare e pelo governador Rui Costa.

Apesar do procurador-geral ter responsabilizado o Consórcio Nordeste, quem comandou as negociações do contrato foi o ex-secretário da casa Civil, Bruno Dauster, que pediu exoneração no dia 4 de junho. Na quarta-feira (17), Dauster admitiu que poderia haver erro no contrato.

“Eu imaginava que contratualmente havia sido prevista uma cláusula de garantia de seguro, mas efetivamente não verifiquei no contrato e não participei da assinatura do contrato. Mas não estou, com isso, tentando transferir responsabilidade ou culpa para ninguém. Eu posso dizer que acredito que eu possa ter cometido erros e seguramente cometi, porque o dinheiro ainda não foi devolvido”, disse ele.

As investigações sobre as compras dos respiradores, que estavam com a Polícia Civil e Justiça da Bahia, foram transferidas para Ministério Público Federal, o Superior Tribunal de Justiça e a Polícia Federal, em Brasília.

Leia mais sobre o caso:

MPF instaura inquérito para apurar compra dos equipamentos pelo Consórcio NE

Operação policial contra empresa que não entregou respiradores ao consórcio NE

Consórcio do Nordeste lança edital para compras coletivas de saúde

Três suspeitos presos por envolvimento de venda ilegal dos respiradores ao…

Justiça Federal bloqueia dinheiro pago por respiradores que Consócio Nordeste não recebeu

Compartilhe agora: