Após alcançar o patamar de R$ 5,80, o dólar apresentou uma queda significativa na tarde desta quarta-feira (6), sendo cotado a R$ 5,7148, uma desvalorização de 0,62%. No mesmo momento, o índice Ibovespa registrava uma queda de 0,65%, aos 129.778,33 pontos. O mercado ainda reagia à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
O S&P 500 e o Dow Jones atingiram recordes históricos nesta quarta-feira, refletindo a surpreendente reeleição de Trump após quatro anos fora da Casa Branca. Entretanto, a vitória do republicano reacendeu preocupações no mercado global em relação às suas promessas econômicas, como o aumento de tarifas e cortes de impostos. Analistas alertam que a natureza inflacionária das políticas de Trump pode forçar o Federal Reserve (Fed) a manter as taxas de juros elevadas por mais tempo.
A perspectiva de um segundo mandato de Trump também reacendeu temores sobre o agravamento das tensões geopolíticas, o que gerou um aumento na aversão ao risco dos investidores. De acordo com Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV, a vitória de Trump e o fortalecimento dos republicanos sugerem um cenário de maior protecionismo, o que pode intensificar a pressão inflacionária e, consequentemente, elevar a taxa de juros nos Estados Unidos.
Os mercados financeiros estão atentos à decisão do Fed, prevista para esta quinta-feira, quando se espera que o banco central norte-americano reduza a taxa de juros em 25 pontos-base, após um corte mais robusto de 50 pontos-base em setembro.
No Brasil, os investidores também monitoram os resultados corporativos, com destaque para a Gerdau, que viu suas ações subirem 6,2% após a divulgação de seu balanço e o anúncio de dividendos. Por outro lado, as ações do GPA caíam 4,69% devido ao desempenho negativo no trimestre.
Além disso, o mercado ainda aguarda os próximos passos do governo brasileiro em relação ao pacote fiscal, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicando que a rodada de reuniões sobre as medidas já foi concluída. Outra expectativa recai sobre a decisão de juros do Banco Central, que será anunciada ainda nesta quarta-feira.
Embora a resolução das incertezas eleitorais nos Estados Unidos tenha amenizado parte da volatilidade, a expectativa de políticas inflacionárias sob a liderança de Trump contribui para o aumento dos rendimentos dos Treasuries, impactando negativamente os ativos dos mercados emergentes.
Oliver Blackbourn, gestor da Janus Henderson, observou que o movimento nos títulos do Tesouro dos EUA reflete as expectativas de elevação das taxas de juros e o potencial aumento da inflação. Ele também destacou que o avanço nos futuros acionários dos Estados Unidos não é surpreendente, já que os republicanos devem buscar a manutenção dos cortes de impostos e propor novas reduções.