O policial militar Marlon da Silva Oliveira, suspeito de matar um adolescente de 17 anos e ferir gravemente um jovem de 19, em Salvador, apresentou-se voluntariamente ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na noite deste domingo (8). Nesta segunda-feira (9), ele foi transferido para a Corregedoria da Polícia Militar, onde deverá ser interrogado.
A Justiça havia decretado a prisão preventiva de Marlon na última sexta-feira (6), após a divulgação de um vídeo que registra o momento do crime, ocorrido na madrugada do domingo (1º), no bairro de Ondina. As imagens mostram o policial agredindo e atirando contra Gabriel Santos Costa, de 17 anos, e Haziel Martins Costa, de 19. Gabriel morreu no local, enquanto Haziel permanece internado em estado grave, com ferimentos no abdômen, braço e antebraço.
Defesa e Argumentos do Suspeito
Marlon admitiu, em depoimento anterior, que atirou contra as vítimas, alegando legítima defesa. Ele afirmou que os dois jovens tentavam assaltá-lo, versão que foi corroborada por sua namorada, uma das oito testemunhas já ouvidas pela polícia. No entanto, a delegada Andréa Ribeiro, diretora do DHPP, questiona a versão do PM, considerando os indícios apresentados no vídeo.
“A imagem do crime é impactante e será um elemento central na investigação. Entretanto, vamos confrontar as alegações do policial com outros elementos de prova para esclarecer a dinâmica do ocorrido”, afirmou a delegada.
A defesa de Marlon, representada pelo advogado Otto Lopes, informou que aguardará a conclusão das investigações antes de se manifestar.
Família das Vítimas Clama por Justiça
A família de Gabriel refutou as alegações de legítima defesa. A mãe do adolescente, Marlene Santos, afirmou que ele era um jovem de bom comportamento e cobrou punição exemplar para o responsável. “Meu filho foi executado. Era um menino bom, não estava envolvido em nada de errado”, declarou emocionada.
Já Kelly Martins, mãe de Haziel, afirmou que o jovem está em estado crítico e pediu a prisão do soldado. “Quero justiça. Esse homem precisa pagar pelo que fez”, disse.
Procedimentos e Investigações
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e a Polícia Militar abriram processos administrativos disciplinares para apurar o caso. Paralelamente, a Polícia Civil realiza investigações criminais, com prazo de 30 dias para conclusão do inquérito.
O vídeo do crime será submetido a uma perícia técnica para verificar sua autenticidade e assegurar que não houve edições. Além disso, a família de Gabriel solicitou a quebra do sigilo telefônico do policial para reforçar as investigações.
O caso também é acompanhado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), que deve receber o inquérito após a conclusão para análise e possíveis providências judiciais.