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Vídeo: Filhos de Gandhy enche de paz o circuito Osmar com seu tapete branco

Ritual do Padê de Exu aconteceu no Centro Histórico antes do desfile do bloco no Campo Grande na saída do Afoxé

FOTO: ALMIR SANTANA

Muito antes do tapete branco dos Filhos de Gandhy tomar as ruas do Centro Histórico, são as mulheres que ganham as calçadas nos arredores da sede do bloco de afoxé no domingo de Carnaval, dia da saída oficial da agremiação nos festejos. Elas chegam com os seus banquinhos, agulhas, linhas e tesouras e aguardam os foliões que chegam usando a tradicional indumentária azul e branca e os colares, mas que precisam de uma ajudinha para completar o traje: moldar e costurar o turbante.

Neste domingo(23) o tradicional Afoxé baiano desfilou no circuito Campo Grande(Osmar) e mostrou a força do tapete branco da paz na Passarela Nelson Maleiro.

Ritual Padê – Com o traje completo, os foliões seguem para a concentração em frente à sede do Afoxé Filhos de Gandhy, de onde partem em direção ao Largo do Pelourinho para a realização do tradicional ritual padê. Sempre feito no domingo, trata-se de uma reverência ao orixá Exú, o guardião das ruas, para que os caminhos estejam abertos e protegidos, e o bloco possa desfilar levando a cultura de paz para o Carnaval.

Em frente à Casa de Jorge Amado estavam os amigos Moacir Oliveira e José Machado, que viram o ritual e vibraram no ponto alto do ato religioso, quando as pombas brancas são soltas e os filhos de Gandhy borrifam perfume de alfazema pelo ar. Moacir sai no Gandhy há seis anos e a paixão pelo bloco nasceu ainda na infância, quando um tio o levava ainda no colo para a avenida. Já José, que é que Santo Antonio de Jesus, no interior do Estado, disse que sempre viu o bloco pela TV e achava emocionante.

“Os amigos se unem nessa época pra confraternizar, sair junto e curtir o toque do agogô do Gandhy”, disse José, que destacou a fraternidade entre os filhos de Gandhy. Já quando o assunto foi a cultura de paz defendida pelo bloco, Moacir garantiu: “eu respeito as mina!”.

Quem também prestigiou a saída oficial dos Filhos de Gandhy e assistiu o ritual padê da sacada da sede do Centro de Culturas Populares Identitárias (CCPI) foi a secretária de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), Arany Santana, e o diretor do CCPI, André Reis, que também é associado do bloco e estava devidamente trajado. O Afoxé Filhos de Gandhy é um dos blocos afro apoiados pelo programa Ouro Negro do Governo do Estado, gerido pela SecultBA.

Após o ritual, os foliões seguiram pelas ruas do Pelourinho até a Praça da Sé, onde já estavam posicionados o trio e o carro alegórico que traz a pomba branca, marca registrada da agremiação. De lá, os Filhos de Gandhy seguiram em seu primeiro dia de desfile no Carnaval 2020, no Campo Grande.

Carnaval Ouro Negro – O Governo do Estado segue fortalecendo o carnaval dos blocos de matrizes africanas através do edital Carnaval Ouro Negro, que completa 13 anos estimulando a participação de agremiações oriundas das diversas comunidades de Salvador, que tem na folia o ápice para as diversas atividades sociais que são desenvolvidas ao longo do ano. Indumentárias, toques percussivos, danças, performances e cantos fazem parte dos espetáculos, que trazem em si a força da ancestralidade e da tradição. 49 blocos, das categorias afro, afoxé, samba e reggae desfilam este ano com o apoio.

Carnaval da Cultura – Fundamentado nas matrizes que construíram a nossa história, expressadas através das danças e musicalidade dos blocos afro e dos afoxés, na alegria e no gingado do samba, na força e balanço do reggae, que integram o Carnaval Ouro Negro em 2020. Com a diversidade de gerações e de ritmos que ocupam os palcos do Carnaval do Pelô, e que ainda toma conta das ruas mantendo a tradição que une os foliões no Centro Histórico. Por meio destes projetos de grande participação comunitária e popular, o Carnaval da Cultura, que integra o Carnaval da Bahia, do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura, dá continuidade às políticas de preservação e democratização na maior folia do mundo, que segue colorida, diversa e com o espírito folião que contagia todo baiano.

Repórter: Gabriela Fonseca

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