Quincy Jones, lendário músico, compositor e produtor, faleceu aos 91 anos no último domingo (3), em sua casa em Bel Air, Califórnia. A confirmação do óbito veio por meio de seu agente, Arnold Robinson, em um comunicado que não detalha a causa da morte.
“Com nossos corações partidos, compartilhamos a notícia da partida de nosso amado pai e irmão, Quincy Jones. Celebramos a vida extraordinária que ele teve e sabemos que jamais haverá outro como ele”, declarou a família do artista. “Ele era único e fará muita falta. Conforta-nos saber que seu amor e alegria foram compartilhados com o mundo por meio de tudo o que ele criou. A essência de Quincy Jones viverá para sempre.”
Extrovertido e carismático, Quincy Jones foi uma figura central na história da música americana. Foi amigo de Ray Charles, diretor musical de Dizzy Gillespie, arranjador de Ella Fitzgerald e colaborou com Miles Davis. Como produtor, trabalhou com nomes como Aretha Franklin e Celine Dion, mas foi com Michael Jackson que sua carreira se tornou icônica, produzindo o álbum Thriller, que se tornou um marco na cultura pop mundial.
“Quincy fez tudo. Ele foi capaz de imprimir sua genialidade em qualquer tipo de som”, declarou o pianista Herbie Hancock.
De Chicago para o mundo
Quincy Delight Jones Jr. nasceu em Chicago em 14 de março de 1933. Sua mãe, diagnosticada com esquizofrenia, foi internada quando ele ainda era criança, e ele e seu irmão Lloyd foram criados inicialmente por sua avó. Na adolescência, mudou-se para Chicago para viver com o pai, um carpinteiro.
Mudou-se para Seattle na juventude e descobriu seu talento para a música. No início de sua carreira, ele tocava em locais pequenos e escrevia suas próprias composições, além de se dedicar aos arranjos musicais. Foi nessa época que conheceu Ray Charles, iniciando uma amizade e parceria musical que influenciaria o cenário local.
Jones estudou brevemente no Berklee College of Music e mais tarde ingressou na banda de Lionel Hampton, mudando-se para Nova York. Lá, consolidou sua reputação como arranjador para grandes nomes do jazz como Duke Ellington e Count Basie.
Nos anos 1950, viveu na Europa, onde colaborou com artistas como Gillespie e Elvis Presley e estudou com Nadia Boulanger, uma das mais respeitadas compositoras da época. Envolvido em uma carreira de destaque, também enfrentou dificuldades financeiras e decidiu migrar para o setor empresarial da indústria musical, assumindo a vice-presidência da Mercury Records, uma conquista rara para um homem negro na época.
Colaborações marcantes e o sucesso com “Thriller”
Além de atuar na indústria fonográfica, Quincy Jones também trabalhou em Hollywood e compôs trilhas sonoras de filmes e programas de televisão. Um de seus maiores sucessos, Soul Bossa Nova, foi escrito nessa época. Ele também arranjou a icônica versão de Fly Me to the Moon, interpretada por Frank Sinatra, com quem formou uma amizade que durou até a morte do cantor.
Seu trabalho com Michael Jackson, no entanto, se tornou seu legado mais duradouro. Produziu os álbuns Off the Wall (1979), Thriller (1982) e Bad (1987). Thriller continua sendo o álbum mais vendido da história, com mais de 110 milhões de cópias.
Jones fundou uma gravadora, criou uma revista de hip-hop e produziu o programa O Príncipe de Bel-Air, que revelou Will Smith ao mundo. Levou Oprah Winfrey para o cinema ao apresentá-la a Steven Spielberg, que a dirigiu em A Cor Púrpura, garantindo-lhe uma indicação ao Oscar.
Sempre engajado em causas sociais, apoiou Martin Luther King Jr. e organizou o clássico We Are the World, reunindo estrelas do pop para arrecadar fundos contra a fome na Etiópia em 1985.
Uma vida marcada por conquistas e desafios
Quincy Jones casou-se três vezes e teve sete filhos. Enfrentou problemas de saúde, incluindo um aneurisma cerebral em 1974 e, mais tarde, uma crise nervosa em 1986. Em 2015, entrou em coma diabético após um coágulo no sangue, o que o levou a abandonar o consumo de álcool.
Jones foi um dos artistas mais premiados de todos os tempos, com 28 Grammys, um Emmy, um Tony e um Oscar honorário, conquistando um lugar definitivo na história da música e do entretenimento.