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Idosa recebe ossada da mãe em caixa de madeira na porta de casa em Salvador

Família recebe ossada de idosa dentro de caixa na porta de casa; polícia investiga. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Uma idosa de 71 anos, moradora do bairro Engenho Velho de Brotas, em Salvador, enfrenta uma situação macabra que transformou sua vida em um verdadeiro pesadelo. Em abril deste ano, ela recebeu na porta de sua casa uma caixa de madeira contendo a ossada de sua mãe, Vanina Bomfim de Lima, falecida em 2016. A entrega foi feita pelo marido de uma prima, que a teria avisado: “Está aqui! Se vire para enterrar a ossada de sua mãe!”. O episódio deixou a idosa em estado de choque.

Desesperada, ela relatou que não teve coragem de abrir a caixa e pediu ao neto que mora com ela para verificar o conteúdo. Dentro, além dos ossos, havia uma boneca de pano preta com um vestido vermelho, algo que ela não havia colocado no sepultamento original de sua mãe.

Vanina foi enterrada no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, e a instituição confirmou que a retirada dos restos mortais ocorreu dentro dos trâmites legais para exumação. No entanto, a idosa afirma que não foi informada sobre a remoção e só soube do ocorrido ao receber a urna em sua casa.

Segundo a idosa, a prima que coordenou a retirada das ossadas teria motivado o ato por questões familiares mal resolvidas, relacionadas a racismo e preconceito. A mãe da idosa, Vanina, havia se casado com um homem negro, o que teria gerado afastamento e discriminação dentro da família.

Após receber a urna, a idosa procurou ajuda para resolver o que fazer com os restos mortais da mãe. Ela buscou auxílio junto à Secretaria de Ordem Pública (Semop), que realiza cremações gratuitas para pessoas em situação de vulnerabilidade, mas seu pedido foi negado. Desesperada, ela chegou a contatar a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, na tentativa de doar a ossada para fins de estudo, mas a instituição também recusou o material.

A situação chegou à 6ª Delegacia (Galés), onde foi registrada uma ocorrência por destruição, subtração ou ocultação de cadáver. O delegado responsável pelo caso, Ramon e Silva Costa, afirmou que todas as diligências foram realizadas e as pessoas envolvidas ouvidas, mas que, até o momento, não há indícios claros de crime. Ele ressaltou que o caso pode precisar ser resolvido em outra esfera, não necessariamente na seara penal.

A gerente do Cemitério Jardim da Saudade, Bárbara Cristina Bembem de Brito, ofereceu uma versão diferente da apresentada pela idosa. Ela afirmou que a exumação foi solicitada pela filha de Maria, prima da idosa, que desejava transferir as ossadas para um cemitério de igreja. Segundo Brito, a idosa foi previamente informada sobre a retirada dos restos mortais.

O caso continua sem solução definitiva, enquanto a idosa vive um drama diário, sem saber como dar um destino digno à ossada de sua mãe, que permanece em uma caixa de madeira dentro de sua casa, onde até mesmo os gatos da família tentam abrir o recipiente.

Fonte: Correio

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