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Homem fica pendurado a 18 metros após morador cortar corda do equipamento (VÍDEO)

Foto: Reprodução redes sociais / Edição Salvador Notícia

O caso, só foi divulgado na última segunda-feira (25) pelo Ministério Púlico (MP) após denunciar o homem por tentativa de homicídio. Um morador de um condomínio de bairro nobre de Curitiba, foi preso em flagrante no último dia 14 de março, após cortar a corda de segurança de um trabalhador da limpeza. [vídeo no final da matéria]

O crime ocorreu no bairro Água Verde. O suspeito, de acordo com o MP, morava na cobertura do edifício. A situação só não se transformou em tragédia graças ao dispositivo de segurança, que evitou que a vítima caísse.

Raul Ferreira Pelegrin, de 41 anos, o morador foi preso em flagrante pela PCPR por tentativa de homicídio. – Foto: Reprodução

O acusado foi preso preventivamente e, portanto, sem data para deixar a cadeia. Conforme reportagem da Carta Capital, durante o interrogatório, ele permaneceu em silêncio. Alegou “não saber os motivos de ter sido conduzido à delegacia”.

Assim que voltou ao trabalho, Mayk percebeu que algo estava errado. “No momento que minha corda afrouxou, eu fiquei desesperado. Porque não é uma coisa normal, é uma coisa fora do normal”, destacou.

“Fui avisado que o morador da cobertura cortou a minha corda”

Mayk disse que o supervisor do trabalho estava no local e viu o momento em que o homem cortou a corda. “No momento fiquei sem reação nenhuma. Fiquei sem entender por que ele fez isso”, disse.

“Antes dele cortar minha corda, ele ameaçou outro amigo de corda em outra janela”

O profissional contou ainda que está tendo dificuldades de voltar a trabalhar e que já tinha medo de altura antes de ficar pendurado.

“Espero que ele pague pelo erro dele. Não tivemos desavenças nenhuma. Ele simplesmente cortou minha corda sem motivo nenhum”, contou Mayk.

Mayk também revelou que também foi vítima de racismo em outro dia de trabalho quando um morador chegou a oferecer banana a ele pela janela.

Raul Ferreira Pelegrin foi preso em flagrante e, no apartamento, um pedaço da corda e a faca utilizada. De acordo com os advogados de Mayk, Raul só não cortou a segunda corda porque era muito grossa e quebrou a faca.

O incidente chama a atenção por expor a face da discriminação e mostra os riscos aos quais trabalhadores e trabalhadoras estão expostos, todo os dias. “É um absurdo, é estarrecedor o descaso com a vida daqueles trabalhadores que se oferecem para a profissões mais arriscadas, como neste caso”, diz o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.

Mayk falou pela primeira vez sobre o caso no programa Encontro desta quinta-feira (28)

“Não podemos deixar isso passar como não se fosse nada. No mínimo é ódio de classe fomentado todos os dias por veículos de comunicação e da extrema direita que acaba normalizando essas práticas de atentado à vida dos outros, pura e simplesmente porque discordam de algo, ou porque tem o seu ambiente ‘supostamente invadido’”, disse o dirigente em referência às circunstâncias do caso. Uma das hipóteses é de que o morador teria ficado incomodado com o equipamento em seu apartamento.

“Desequilibrado. Fez o que fez sem um mínimo de empatia com o trabalhador que lá estava pendurado desempenhando uma tarefa. Como disse, é absurdo e estarrecedor”, diz o presidente da CUT Paraná.

Crime

Para o advogado trabalhista, doutor em Direito e assessor jurídico da CUT Paraná, Ricardo Mendonça, é preciso apurar e punir o responsável pelo crime.

“Choca e indigna a tentativa de homicídio de um trabalhador que no exercício da sua profissão foi vítima da ação criminosa de um morador de uma cobertura, em Curitiba, que por motivo não sabido cortou a corda de segurança que o trabalhador usava para exercer sua função. A conduta configura crime, precisa ser apurada e o responsável devidamente punido com o rigor da lei e com o devido processo legal”, destaca.

Para o advogado, também há um evidente ingrediente de ódio de classe no caso. “Agora, também não se pode deixar de dizer que isso exacerba um ódio de classe evidente de alguém que, que por motivos torpes, se vê absolutamente liberto para ceifar a vida de alguém que vende o seu trabalho para poder manter o seu sustento e o dos seus”, afirmou Mendonça.

“O ódio de classe fica estampado na conduta de alguém que enxerga nesse trabalhador um subcidadão, alguém indigno de viver, que está ali para lhe servir da maneira como ele quer, sob pena, inclusive, de ser punido com a perda da vida caso contrariado”, finalizou.

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