Após a morte do aposentado Lourival Almeida Ferreira,de 80 anos, por coronavírus, no domingo(3/5), na UPA do 16º Centro de Saúde, Maria Conceição Imbassahy, no Bairro Pau Miúdo, em Salvador, familiares do paciente não conseguem fazer exame de teste para diagnóstico da COVID-19.
Já são dez dias após a morte do aposentado e as doze pessoas que tiveram contanto com à vítima não conseguiram realizar os exames de testagem até esta quarta-feira(13) pela manhã.
Segundo familiares, a Secretaria Municipal de Saúde prometeu que faria contato com os familiares e não retornou para realizar os testes. Um homem de 40 anos, sobrinho da vítima, está com os sintomas da COVID-19, existe preocupação em preservar vidas.
“Isso é uma humilhação. Nosso avô morre por COVID-19 e os familiares lutando há 10 dias para fazer um exame, que deveria ter sido realizado de imediato com as pessoas que tiveram contato com o paciente. Meu primo tem os sintomas da doença, eles vão esperar ele morrer também?”, afirma Lorrane Ferreira, neta do aposentado morto.
Dona Irenildes, filha do aposentando morto por COVID-19, se diz perplexa com o descaso do município de Salvador:
“São doze pessoas que estiveram com meu pai e até hoje estamos lutando para fazer um simples teste da doença. Isso é humilhação! Preciso voltar para o trabalho e sem o teste não posso, além do risco que corremos sem a informação, já temos familiares com os sintomas da COVID-19.”, desabafa Irenildes.
Até o fechamento de nossa reportagem não houve nenhum retorno da Secretaria de Saúde de Salvador.
MAIS SOBRE O CASO
Lorrane Ferreira, neta da vítima, fala da dificuldade de atendimento na rede municipal de saúde. “Meu avô estava sentindo falta de ar, perda de apetite, muita dor de cabeça e tosse, procurou no dia 23 abril a UPA do 16º Centro para atendimento, não foi feito nenhum teste da COVID-19, colocaram ele no nebulizador e mandaram pra casa.” , afirma Lorrane.
No último sábado(2) o estado de saúde de Lourival foi agravado, sendo levado novamente para UPA do 16º Centro de Saúde, mesmo com os sintomas da COVID-19, não foi realizado teste.
O paciente fico internado na UPA, vindo à óbito no dia seguinte(domingo, 3), às 10h36m. Segundo consta no Atestado de Óbito, a causa de sua morte foi por choque séptico, pneumonia, infecção do trato urinário, síndrome de imobilidade e acidente vascular encefálico.
De acordo com familiares, o exame para COVID-19 só foi feito depois da sua morte, testando positivo.
Segundo Lorrane, 12 pessoas entre familiares e amigos estiveram em contato direto com Lourival. Existe uma preocupação para identificar se houve contaminação por COVID-19 nestas pessoas.
Segundo familiares, não houve nenhuma sinalização da UPA para realização dos testes nas 12 pessoas, a unidade informou que não tinha testes disponíveis. Foi comunicado aos familiares que todos que estiveram com o paciente ficassem de quarentena.
A grande preocupação da família agora é prevenir novas mortes, “Gostaríamos de realizar o teste para à COVID-19, que cuidado é esse? Se você identifica precocemente pessoas infectadas vai evitar a proliferação.”, disse Lorrane.
Questionamos a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador se o ideal não seria prevenir o surto da doença? A realização dos testes em quem esteve com o paciente ajudaria na antecipação de medidas preventivas e no tratamento para quem testou positivo.
Por que o paciente quando esteve pela primeira vez na UPA, com sintomas da COVID-19, não foi testado?
Com relação ao atestado de óbito, o correto não seria sair com a informação que a vítima estava de COVID-19? Aguardamos resposta para publicação.
O sepultamento do senhor Lourival, será realizado nesta segunda(4), às 9 horas, no Cemitério Quinta dos Lázaros, apenas 10 pessoas poderão participar, o caixão ficará lacrado.
