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Artigo: A Tragédia das Administrações Públicas Municipais

Como de hábito em meus textos, começo homenageando as exceções e repudiando a generalização das críticas, conceitos e rótulos.

Neste mês, se comemora o dia do Administrador, profissão que abracei com convicção e nunca me arrependi. Com esse perfil, tenho viajado pelo interior da Bahia, com o olhar atento às administrações públicas sem perder de horizonte o que têm feito as empresas privadas, os velhos e novos empreendedores.

Na minha penúltima viagem, passei pela região sudoeste e pela cacaueira. Fiquei estarrecido, especialmente com a situação física, urbana, paisagística e gerencial de Itabuna e Ilhéus – esta, minha terra natal, local onde nasci e vivi a infância e para onde sonhei um dia voltar. Cidades sujas, feias, poeirentas, sem planejamento e controle urbano, com graves crimes ambientais novos e velhos, com uma dinâmica de mobilidade conflituosa, tensa e adensada, entre outras mazelas. Não vou abordar aspectos sociais porque não estudei os dados e indicadores.

Como profissional, sabemos que o modelo político-governamental brasileiro está falido, vencido, ultrapassado e podre, o que torna essa realidade corriqueira, habitual. Os problemas sociais nas cidades crescem de forma exponencial, ao passo que a capacidade das prefeituras darem respostas mínimas às demandas involui, regride. O quadro é desalentador!

Como cidadão, observo o retrato da decadência, da falência das estruturas do país em educação, no fomento ao desenvolvimento, no cuidado e respeito com o patrimônio público. Percebem-se claramente as consequências desastrosas do pior dos casamentos para qualquer possibilidade de crescimento sustentável das cidades: maus gestores com maus eleitores, em um ambiente político sem espaço para as melhores lideranças e as melhores práticas nas relações públicas x privadas.

Não senti vergonha de minha terra, de minha gente, senti profunda tristeza, amargura, pesar. Senti o abandono, desamor, mau gosto dos que estão cuidando e vivendo naquele paraíso atlântico-tropical.

Embora possamos afirmar que a corrupção seja o maior mal da administração pública brasileira, podemos com certeza complementar que a omissão, a falta de condições de trabalho e desmotivação dos melhores quadros concursados da máquina pública, a prevaricação, a irresponsabilidade, a incompetência, o nepotismo, o patrimonialismo, entre outros desvios de conduta de entes públicos estão tornando as cidades verdadeiras tragédias disfarçadas de administração pública.

Por falta de alternativas, por desconhecerem realidades exemplares e outros modelos (no Brasil tem muitos), os cidadãos locais se acomodam, adaptam-se, convivem, e alguns buscam também tirar vantagens imorais.

Pouco posso fazer por minha terra, mas acho que o pouco que faço faz a diferença, como as denúncias desse texto.

Antonio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade
aquino@muralpublicidade.com.br

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