O encontro, que lançou as bases do programa, reafirmou a importância do olhar feminino na gestão de riscos e na promoção da resiliência urbana, mostrando que as mulheres que protegem também inspiram, cuidam e transformam suas comunidades
O evento “Mulheres que Protegem”, realizado nesta segunda-feira (10/11)), na sede da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), reuniu 157 líderes comunitárias de diversas localidades de Salvador, com o objetivo de fortalecer o protagonismo feminino na construção de comunidades mais resilientes diante dos riscos geohidrológicos e das mudanças climáticas. Ao todo, o encontro reuniu 200 mulheres entre painelistas e participantes.
A iniciativa, que marcou o lançamento o programa, integra as ações da Defesa Civil de Salvador (Codesal) voltadas às comunidades que vivem em áreas vulneráveis da capital baiana — territórios onde as mulheres negras, em sua maioria, enfrentam uma combinação de desafios ambientais, sociais e econômicos, agravados pelo racismo estrutural, pela desigualdade de gênero e pela invisibilidade social.
Ao abrir o encontro, a coordenadora de Ações de Prevenção e Redução de Riscos da Codesal, Gabriela Morais, destacou a importância de reconhecer o papel essencial dessas mulheres: “Reconhecer esse protagonismo e investir em sua formação e fortalecimento é fundamental para construir comunidades mais conscientes, preparadas e solidárias diante dos riscos e emergências”, afirmou.
Liderança familiar
A vice-prefeita Ana Paula Matos ressaltou a força das mulheres que lideram famílias e comunidades nas áreas de risco. “Setenta e sete por cento das famílias nesses territórios são chefiadas por mulheres, muitas delas mães solo. Elas cuidam dos seus com um olhar de carinho que não é sinal de fraqueza, mas de força. São protagonistas que já trabalham pelo outro, e nossa gestão quer oferecer estrutura e apoio para que possam continuar transformando suas comunidades”, disse.
A tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Jamile Lutiane, também destacou o papel de liderança feminina: “Enquanto mulheres, vocês sabem o que é proteção e o que é estar no lugar do outro. Vocês fazem a diferença na vida das pessoas.”
Durante o evento, o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, apresentou os conceitos operacionais da Defesa Civil, reforçando a importância da Educação para Redução de Riscos de Desastres (ERRD) no cotidiano das comunidades. “É fundamental manter viva a prática da defesa civil no dia a dia. Em 2019, por exemplo, na comunidade de Candinho Fernandes, as ações preventivas permitiram salvar 150 vidas antes do desmoronamento de 31 casas”, lembrou.
Pacto do solidariedade
A secretária da Secretária de Política para Mulheres Infância e Juventude (SPMJ), Fernanda Lordelo, abordou o tema “Comunidades em Áreas de Risco: um olhar social sobre famílias, mulheres, infância e juventude”, e defendeu um pacto de solidariedade entre as mulheres das comunidades.
“Vocês, como lideranças, enxergam de perto as demandas de quem mais precisa”, ressaltou, antes de conduzir uma “Roda de Escuta” para coletar percepções e sugestões sobre políticas públicas.
À tarde, a secretária da Secretaria de Reparação (Semur), Isaura Genoveva, falou sobre o enfrentamento ao racismo em Salvador, acentuando que “é importante compreender que em Salvador, a cidade mais negra fora de África, o racismo não pode fazer morada”, disse; enquanto o engenheiro da Codesal, César Bello, apresentou os conceitos de Percepção de Risco em Áreas de Encosta. A subcoordenadora do Cemadec, Alana Matos, tratou do tema Mudanças Climáticas, destacando os avanços da Codesal no monitoramento meteorológico e na antecipação de eventos extremos.
A programação contou ainda com a equipe do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, que ministrou uma oficina sobre Primeiros Socorros, seguida da fala de encerramento da subsecretária de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro (SACPB), Cláudia Cavalcanti, sobre o papel das prefeituras-bairro como porta de entrada para as demandas das comunidades.



