A diversidade estética e temática do cinema sul-americano contemporâneo marca a terceira edição do Festival CineSur. Realizado na cidade de Bonito (MS), a edição deste ano reúne filmes de nove países da América do Sul, consolidando o evento como espaço de encontro entre culturas e linguagens desse imenso território.
Participam do festival longas e curtas produzidos no Brasil, na Argentina, no Peru, Chile, na Bolívia, Colômbia, Venezuela, no Uruguai e Equador, além de coproduções com países fora da América do Sul. Segundo a organização do festival, as obras refletem a diversidade presente no território e abordam reflexões sociais, ambientais e experiências visuais marcantes.
“É um festival que se propõe a apresentar um conjunto de novos filmes a cada ano, em duas mostras competitivas sul-americanas, sendo uma delas exclusivamente com filmes que tratam da questão ambiental. Além dos filmes, reúne atrizes, atores, diretores, além de outros profissionais que compõem a cadeia produtiva do cinema para discutir a produção e a visibilidade dos filmes no nosso próprio continente e em outros mercados”, disse Nilson Rodrigues, criador e diretor do festival.
Em entrevista à Agência Brasil, ele ressaltou a importância de um evento como este, mesmo ocorrendo em uma cidade onde ainda não há salas de cinema.
“É preciso conhecer a riqueza da produção audiovisual da América do Sul e criar condições para que haja circulação das produções entre os países do continente. Há um grande mercado a ser explorado, são muitos países, muita gente e um grande potencial econômico”, afirmou. “O festival ocorre em dois auditórios com capacidade para 260 lugares, que são adaptados para se ter a melhor projeção cinematográfica e possibilitar que o espectador tenha a experiência e a sensação de estar em uma sala de cinema”.
Calçada da fama
Para valorizar ainda mais essa cultura cinematográfica, neste ano será criada a Calçada da Fama, inspirada na que existe nos Estados Unidos, mas com uma ‘pegada’ brasileira. “Nós faremos uma placa com dez nomes de animais do Pantanal e dez nomes de importantes artistas do cinema sul-americano que estarão no festival. Essa placa tem o nome de ‘pegadas da memória do cinema sul-americano’, que será alimentada a cada edição do festival”, explicou o diretor do CineSur.
“Ao lado da pata de um animal, o artista imprimirá a palma de sua mão, transmitindo a seguinte mensagem: ‘andamos juntos com os outros seres vivos do planeta’. Essas placas ficarão expostas na praça da cidade e depois serão transferidas para o cinema que será construído em Bonito”, acrescentou.
A primeira atriz que vai figurar nessa calçada da fama é a paraguaia Ana Brun, que será homenageada na edição deste ano. A palma da mão de Ana Brun, que já venceu o Urso de Prata de melhor interpretação feminina no Festival de Cinema de Berlim por sua atuação em As Herdeiras, será colocada ao lado da pata de uma onça pintada.
Filmes
Entre os longas que participam da seleção deste ano está Brasiliana – O Musical Negro Que Apresentou O Brasil Ao Mundo, de Joel Zito Araújo, premiado documentário que faz profunda pesquisa de arquivos para reconstruir a trajetória de um espetáculo de teatro de revista que percorreu mais de 90 países ao longo de suas duas décadas e meia de atividade, mas, no Brasil, acabou experimentando um apagamento histórico.
Também participam da mostra o equatoriano Chuzalongo; a coprodução Oro Amargo, realizada entre Chile, Uruguai e Alemanha; o argentino Quinografia; e o peruano Redención, entre outros.
Temática ambiental
A temática ambiental é um dos pilares do festival. Nesse eixo participam filmes como Karuara: o Povo do Rio, uma produção peruana; e os filmes brasileiros Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta, Rua do Pescador Nº 6 e Sinfonia da Sobrevivência.
“Bonito é uma experiência muito bem-sucedida de ecoturismo responsável e sustentável, e por isso fazemos dentro do festival uma mostra de cinema ambiental, onde os temas mais importantes referentes aos grandes desafios da preservação do planeta estão presentes”, disse Rodrigues.
Além de incluir essa reflexão ambiental e de se promover como uma mostra sustentável, o festival busca sempre ampliar o diálogo com a comunidade, fomentando a economia criativa local e oferecendo diversas ações formativas, como o inédito programa Cinesur Educa.
Outro destaque é que o festival apresenta neste ano uma seleção de seis filmes produzidos no estado de Mato Grosso do Sul, como A Última Porteira, Eleonora, Enigmas no Rolê, Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha, Koi e o Rio e Tempestade Ocre.
“Há o envolvimento da cidade tanto na força de trabalho que produz o festival quanto nas experiências que o audiovisual permite de interseção com a comunidade, com realização de oficinas para estudantes e moradores, onde eles se expressam em filmes que serão mostrados dentro do festival. Também operamos com compensação de carbono, onde a emissão de gases é medida e, ao final do evento, tudo o que foi emitido será neutralizado por ações compensatórias”, disse o diretor do festival.
Todas as atividades promovidas pelo CineSur são gratuitas, sejam as que ocorrem nas salas de exibição ou nas praças públicas. Mais informações sobre o festival, que será realizado de 25 de julho a 2 de agosto no Centro de Convenções de Bonito, podem ser obtidas no site do evento.