Um dos suspeitos de envolvimento no esquema apelidado de “Golpe do PIX” foi preso nesta sexta-feira (19), em Salvador. Carlos Eduardo do Sacramento Marques Santiago de Jesus, 29 anos, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça na última quarta-feira (18) e foi localizado no bairro do Cabula. Ele foi conduzido ao Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic). A outra suspeita com mandado de prisão expedido, Thais Pacheco da Costa, de 27 anos, segue foragida.
Os dois são acusados de atuar como operadores no esquema de desvios de doações feitas por telespectadores do programa “Balanço Geral”, da Record Bahia/TV Itapoan. As doações, realizadas via PIX, eram destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade, mas, segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), boa parte dos valores foi desviada.
Investigação e acusações
O esquema teria desviado R$ 407.143,78, cerca de 75% dos R$ 543.089,66 arrecadados ao longo de vários episódios do programa. Segundo o delegado Adriano Moreira, Carlos Eduardo era titular de contas bancárias usadas para receber os valores desviados. O MP-BA aponta ainda que Marcelo Castro, repórter do programa, e Jamerson Oliveira, editor-chefe, lideravam o grupo criminoso, mas eles não tiveram prisões decretadas até o momento.
Estrutura do esquema
De acordo com a denúncia, o grupo alternava entre contas bancárias de nove participantes, utilizando, em alguns casos, mais de uma conta por episódio. As vítimas, geralmente cidadãos em extrema vulnerabilidade, recebiam uma pequena parcela do total arrecadado.
O juiz Cidval Santos Sousa Filho, da Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa, aceitou a denúncia em agosto de 2023, tornando 12 acusados réus pelos crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele descreveu a organização como hierarquizada, com clara divisão de tarefas.
Relembre o caso
A fraude foi descoberta em março de 2023, após um jogador de futebol desconfiar da divergência entre a chave PIX exibida durante uma reportagem e a fornecida nos bastidores. Ele verificou que a conta pertencia a uma pessoa estranha ao caso e reportou o fato à emissora. A Record Bahia iniciou uma investigação interna, constatou irregularidades e acionou a Polícia Civil.
Defesa dos acusados
Marcelo Castro e Jamerson Oliveira negam as acusações. Em nota, o advogado Marcus Rodrigues afirmou que as provas ainda não passaram pelo crivo judicial, destacando que os denunciados mantêm sua inocência.
O caso segue em investigação, e a Justiça avalia os próximos passos. Enquanto isso, as vítimas e a sociedade aguardam uma solução para mais um exemplo de desvio de recursos que deveriam ajudar os mais necessitados.