A Justiça concedeu, nesta quinta-feira (19), prisão domiciliar a Wellington de Oliveira Barbosa, conhecido como “Cabecinha”, gerente suspeito de envolvimento no desaparecimento e morte de dois jovens funcionários de um ferro-velho em Salvador. Os corpos de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz, desaparecidos desde 4 de novembro, ainda não foram localizados.
A decisão foi tomada após audiência de custódia, em que a defesa apresentou um laudo médico atestando que o investigado sofre de hanseníase, uma condição que requer cuidados médicos especializados. Diante disso, o juiz determinou o cumprimento de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, em substituição à prisão preventiva.
Investigação e novos desdobramentos
Apesar da soltura, “Cabecinha” segue investigado pelo crime. Segundo laudos periciais divulgados pela Polícia Civil, os jovens foram assassinados dentro do ferro-velho onde trabalhavam. Vestígios de sangue das vítimas foram encontrados tanto no escritório do estabelecimento quanto no veículo do proprietário do ferro-velho, Marcelo Batista da Silva, que está foragido.
Além disso, a perícia constatou que o local do crime foi adulterado com substâncias químicas para dificultar as investigações.
O delegado Nelis Araújo, responsável pelo caso, revelou que há evidências de tortura praticada contra as vítimas e que Marcelo Batista é apontado como o mandante do crime. “As investigações indicam que o soldado da Polícia Militar conhecido como ‘Maguila’, o gerente ‘Cabecinha’ e Marcelo Batista têm um histórico de associação para práticas criminosas há anos”, afirmou o delegado.
Prisão e fuga
Enquanto “Cabecinha” foi liberado, o policial militar “Maguila” permanece preso, e Marcelo Batista continua foragido. Contra o empresário pesam suspeitas de envolvimento em crimes como homicídio, tentativa de homicídio, milícia, violência doméstica e violações trabalhistas.
Marcelo também responde a processos na Justiça do Trabalho por assédio sexual, tortura e descumprimento de direitos trabalhistas.
Contexto do desaparecimento
Paulo Daniel e Matusalém foram vistos pela última vez no dia 4 de novembro, quando saíram para trabalhar como diaristas no ferro-velho, localizado no bairro de Pirajá, em Salvador. Na ocasião, Marcelo teria acusado os jovens de furto, alegação que está sendo investigada.
O carro do empresário, onde foram encontrados vestígios de sangue de uma das vítimas, foi localizado em uma loja de veículos de alto padrão em Lauro de Freitas. A suspeita é de que o veículo foi levado para troca dos bancos na tentativa de encobrir evidências.
Progresso das investigações
A Polícia Civil, com apoio do Ministério Público e do Poder Judiciário, segue trabalhando para esclarecer o caso e localizar os responsáveis. Outras pessoas, incluindo policiais, estão sendo investigadas por possível envolvimento no crime.
“Entendemos que o sigilo de algumas medidas é essencial para o avanço das investigações”, explicou o delegado Nelis Araújo.
As famílias das vítimas continuam aguardando respostas e justiça para Paulo Daniel e Matusalém, que tiveram suas vidas interrompidas de maneira brutal.