O Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, enfrenta uma crise após a fuga de 16 detentos na última quinta-feira (12). Em consequência do episódio, revistas realizadas pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) resultaram na apreensão de diversos objetos ilícitos, incluindo 96 facas e facões, 18 celulares, pendrives e anotações suspeitas relacionadas à contabilidade criminosa.
Apesar das buscas intensas, nenhum dos fugitivos foi recapturado até o momento. Por outro lado, três suspeitos de invadir a unidade morreram em confrontos com a Polícia Militar (PM), e outros dois foram presos.
Ação criminosa detalhada
De acordo com a Seap, a fuga foi viabilizada por uma ação coordenada entre detentos e criminosos externos. O coronel Luís Alberto Paraíso, comandante da Polícia Regional, explicou que a operação envolveu duas ações simultâneas:
- Internamente: os detentos perfuraram o teto de uma cela.
- Externamente: um grupo de pelo menos oito homens armados invadiu o presídio, cortou cercas metálicas, disparou contra as guaritas e abriu duas celas para libertar os internos.
Imagens de câmeras de segurança mostraram os detentos descendo por cordas artesanais conhecidas como “teresas” e fugindo pelo matagal. Durante a invasão, os criminosos mataram um cão de guarda e abandonaram no local um fuzil calibre 5.56, de fabricação americana e sem numeração.
Objetivo da fuga
O principal objetivo da ação era libertar Edinaldo Pereira Souza, conhecido como “Dada”, apontado como líder da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE). Outros 15 membros da mesma facção também escaparam, todos com condenações por tráfico de drogas, homicídios qualificados e associação para o tráfico.
Medidas emergenciais
A Seap anunciou uma série de ações para conter a crise:
- Suspensão de visitas por cinco dias;
- Análise estrutural para implementar melhorias no presídio, incluindo a construção de um muro e requalificação das instalações;
- Reuniões com defensores públicos e representantes da Comissão de Visitantes para alinhar informações sobre as medidas tomadas.
Superlotação e segurança do presídio
Antes da fuga, o Conjunto Penal de Eunápolis já enfrentava problemas de superlotação. A unidade tem capacidade para 457 vagas, mas abrigava 554 internos. A segurança é de responsabilidade da empresa Reviver, que atua em cogestão com o Estado.
A Seap confirmou que os fugitivos usaram a área próxima ao canil e à horta para escapar, demonstrando fragilidades na segurança do local.
Lista de fugitivos
Os 16 detentos que escaparam foram identificados como:
- Edinaldo Pereira Souza (“Dada”) – líder da facção;
- Sirlon Risério Dias Silva (“Saguin”) – sublíder;
- Rubens Lourenço dos Santos (“Binho Zoião”);
- Altieri Amaral de Araújo (“Leleu”);
- Mateus de Amaral Oliveira;
- Geifson de Jesus Souza;
- Anderson de Oliveira Lima;
- Anailton Souza Santos;
- Fernandes Pereira Queiroz;
- Giliard da Silva Moura;
- Valtinei dos Santos Lima;
- Romildo Pereira dos Santos;
- Thiago Almeida Ribeiro;
- Idário Silva Dias;
- Isaac Silva Ferreira;
- William Ferreira Miranda.
Impacto na segurança pública
A fuga ocorre em um contexto de aumento da violência na região. Um dia antes, a Operação Unum Corpus prendeu mais de 625 suspeitos em toda a Bahia, incluindo indivíduos de alta periculosidade. A PM continua as buscas, utilizando o Disque Denúncia para verificar pistas sobre os fugitivos.
As autoridades prometem reforçar a segurança do presídio, mas a crise expõe falhas graves no sistema penitenciário baiano, com superlotação, infraestrutura inadequada e desafios no combate às organizações criminosas.