Na tarde desta sexta-feira (15), feriado da Proclamação da República, o bairro Engenho Velho da Federação, em Salvador, foi palco da tradicional Caminhada pelo Fim da Violência e da Intolerância Religiosa. Em 2024, o evento completou 20 anos de existência, reunindo uma multidão para celebrar o tema “20 anos de resistência, luta e fé: contra o racismo e o ódio religioso”.
A concentração ocorreu às 14h no monumento em homenagem a Mãe Ruinhó, ponto de partida para o trajeto que percorreu ruas e avenidas importantes do bairro, como a Apolinário Santana, Avenida Cardeal da Silva e Avenida Vasco da Gama. O ato foi encerrado no Terreiro do Cobre, onde ocorreu a partilha do amalá, alimento oferecido aos orixás, em um momento de união e reflexão.
Uma celebração de fé e resistência
A caminhada, organizada por integrantes das comunidades religiosas do bairro, é um evento de grande relevância, não apenas para as religiões de matriz africana, mas para toda a sociedade. Segundo Edmilson Sales, ativista contra a intolerância religiosa e morador do Engenho Velho, o ato é essencial:
“Esta caminhada é um grito de resistência, unindo líderes religiosos e a sociedade para promover o respeito e a liberdade de culto.”
História e legado
Idealizada em 2004 pela ialorixá Valnizia Bianch, com o apoio de figuras como a ebomi Telminha de Iemanjá (in memoriam) e Makota Valdina Pinto, a caminhada nasceu como resposta às crescentes manifestações de intolerância e violência contra as religiões de matriz africana. Desde então, o evento se consolidou como um marco de resistência, mobilizando milhares de pessoas todos os anos.
Significado do tema e impacto social
O tema deste ano reforça a luta histórica das comunidades afro-religiosas contra o racismo e o ódio religioso, promovendo valores de igualdade e respeito. A manifestação também é um lembrete do papel essencial dessas comunidades na preservação da cultura e na construção de uma sociedade mais justa.
Com duas décadas de história, a Caminhada pelo Fim da Violência e da Intolerância Religiosa reafirma o compromisso de Salvador em ser um espaço de resistência, fé e luta pela liberdade religiosa.