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‘Bolsonaro busca sócio para carregar caixões’, diz Toffoli

Imagem divulgação

O Presidente, Jair Bolsonaro andava injuriado com as decisões do STF que o impediram de interferir na Polícia Federal e de conduzir o país ao suicídio coletivo na pandemia de coronavírus, obrigando estados a reabrirem cidades em plena escalada de mortes.

Nesta quinta, o presidente conseguiu sua vingança. É essa a avaliação de ministros do Supremo, ouvidos pelo Radar, sobre a reunião conduzida por ele com o presidente da Corte, o ministro Dias Toffoli. Ao levar empresários, de última hora, para uma reunião na sala de Toffoli, Bolsonaro escreveu uma página inédita na crônica das relações entre o STF e o Planalto.

O chefe do Executivo comandou uma reunião na casa do Judiciário como se o problema político do governo fosse uma obra coletiva partilhada pela Suprema Corte. Distribuiu responsabilidades no momento em que fica evidente que sua irresponsabilidade como presidente, nas últimas semanas, custará caro aos brasileiros. Afinal, o país ruma aceleradamente para ultrapassar as 10.000 mortes na pandemia. “O presidente quer achar sócios para carregar os caixões”, diz um ministro ao Radar, evitando revelar a identidade.

A jogada do presidente só pode ser explicada pelo viés político. Nem o Planalto e nem o STF têm, no momento, responsabilidades sobre o que está sendo feito no front da guerra ao coronavírus. A tarefa inglória de governar estados com sistemas de saúde em colapso recai sobre os governadores, que desde o início da crise tentam, sem sucesso, chamar o presidente ao juízo e montar um comando único sem paixões partidárias. Deu certo em quase todo o planeta, mas aqui…

Bolsonaro sabe de tudo isso. Conduziu a marcha teatral na Praça dos Três Poderes nesta tarde apenas para arrumar sócios na crise, como diz o ministro. Matou dois coelhos num ato só. Para seus seguidores radicais, mostrou quem é que manda, quem é que pode entrar no Supremo quando bem entende para coordenar reuniões e falar o que quiser. Deixou de ser o presidente enquadrado pelo ministro Alexandre de Moraes no episódio da nomeação do amigo para a direção da PF.

Para a outra parcela da sociedade, Bolsonaro tentou sustentar a narrativa de que a chacina diária não é pior que o suposto prejuízo de empresários preocupados com a retomada da indústria na China. O desemprego é de longe uma tragédia social. Mas, contra ele, sempre é possível procurar recolocação. O coronavírus não oferece tal luxo.

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