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Saúde emocional: 5 cuidados básicos

Foto: Divulgação

O palestrante Jean Rafael, cirurgião geral e coordenador da cadeira de Saúde e Espiritualidade da Universidade Federal de Alagoas, sempre conta em suas palestras quais são as perguntas que sempre são colocadas na sua prática diária como médico, palestrante e escritor. São questões que o levam a reflexionar e escrever seus artigos sempre com a alegria de ser o primeiro a aprender e compartilhar conhecimentos que têm mudado sua prática como profissional de Saúde. “Já são mais de 15 anos atendendo pessoas entre a vida e a morte como cirurgião de trauma. Agora, como palestrante, tenho a oportunidade de orientar os mais jovens sobre como venci a depressão e a síndrome do pânico no auge da minha carreira profissional há 10 anos”, conta Jean.

As perguntas que sempre recebe em sua rotina médica são:

Por que algumas pessoas lidam com naturalidade com suas emoções e adversidades e outras nem tanto?

O estresse é sempre ruim?

A forma de lidar com as emoções impacta na saúde?

Para responder às perguntas acima, Jean diz que é necessário conhecer um pouco mais sobre uma reação catalogada pelo pesquisador Hans Sely em 1936 como “resposta de fuga ou luta”, que é o sinal do organismo frente a uma ameaça que, atualmente, é conhecida como estresse. “Diante de determinadores fatores, nosso organismo elabora uma resposta de defesa que mexe com o metabolismo e que é capitaneado pelo cortisol, o hormônio do estresse. Estas mudanças são importantes para nos manter alertas, concentrados e focados na busca por nossos sonhos e conquistas, além de nos defender em situações ameaçadoras, fornecendo um aparato de energia responsável por sanar e dar forças para enfrentar estes momentos. O problema é quando ela ocorre com muita frequência – neste caso, o positivo se torna negativo”, afirma Jean.

Segundo Jean, quando estas alterações são impulsionadas com frequência acabam nos levando à exaustão, gerando um desequilíbrio no organismo conhecido como “distress”, ou seja, saímos do “eustress”, que é benéfico à saúde, e vamos para um momento que abre campo para muitas patologias, uma vez que o sistema imunológico fica abalado. “Neste momento, tudo o que não queremos é isso, já que estamos diante de uma pandemia viral que ainda não conhecemos totalmente e nem sabemos como lidar com ela”, afirma Jean.

Recentemente, seus alunos de Autoconhecimento relataram como os primeiros dias da pandemia foram difíceis, principalmente por conta de um sentimento que passou a ser frequente: o medo – que, em alguns momentos, beirou o pânico – desde o despertar até o momento do sono, que também foi bastante prejudicado. Alguns alunos acordavam mais de 3 vezes durante a noite, outros só dormiam depois das 4h e outros relataram pesadelos onde se viam em respiradores mecânicos e acordavam com sensação de sufocamento. Muitos relatos também continham aumento de ingestão de bebidas alcoólicas ou comidas calóricas e uma tristeza intensa que prejudicou relacionamentos.

O médico e palestrante elenca alguns fatores estressores que podem impactar no nosso organismo:

Aspectos físicos: frio, calor, traumas etc.

Psicológicos: são aqueles que, neste momento de pandemia pelo qual estamos passando, costumam estar presentes na vida da grande maioria das pessoas como medo, insegurança, raiva, tristeza etc.

Patológicos: o próprio vírus SARS-Cov-2, dentre tantos outros patógenos.

Uma pesquisa recente publicada na The Lancet Diabetes & Endocrinology realizada pelo Imperial College de Londres relata que o aumento do hormônio do estresse “cortisol “está implicado numa mortalidade maior na análise da amostra, fato que necessita de aprofundamento para ver se está relacionado à resposta do organismo ao vírus e pode se apresentar como possível marcador inflamatório para possíveis casos graves ou se estas pessoas já tinham um aumento prévio e aumentaram mais ainda com a infecção viral.

O que sabemos de fato, segundo Jean, é que precisamos gerenciar o nosso estresse, pois os fatores estressores estarão sempre nos desafiando. Como não podemos eliminá-los, temos que ter uma atitude ativa sobre eles para que não deixem marcas na nossa saúde. Pensando nisso, Jean dá cinco dicas para construir uma boa saúde mental:

  • Desenvolva o autoconhecimento, pois ele permite que você identifique suas reações e os fatores estressores que levam você a reagir e não a agir.
  • Pratique atividade física, pois ela auxilia na regulação interna hormonal, permitindo mais equilíbrio para reconhecer o que nos faz mal.
  • Não consuma notícias que aumentam o medo e o pânico, alterando o sono e deixando a pessoa num circuito negativo.
  • Agradeça mais – pesquisas de Neurociências evidenciam que os correlatos neurais da gratidão impactam sobre o sistema nervoso parassimpático, que funciona como freio para a cascata do estresse.
  • Desenvolva a resiliência, que é a capacidade de buscar, mesmo diante da adversidade, se manter vivo graças ao seu sentido existencial; isso fará com que você saia mais fortalecido das situações ruins.
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