Lançada em agosto pela Caixa, a linha de crédito imobiliário indexada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, principal indicador inflacionário do País) já movimentou, até meados deste mês, cerca de R$ 6 bilhões em operações segundo informações do próprio banco. Na esteira da Caixa, Itaú e Bradesco já anunciaram que também passarão a oferecer linhas de crédito para imóveis atreladas ao indexador inflacionário. Mas, para o consumidor, até que ponto vale a pena financiar uma casa ou apartamento com indexação pelo IPCA?
A advogada Daniele Akamine, sócia da Akamines Negócios Imobiliários e especialista em Economia da Construção Civil, explica que, em linhas gerais, esse tipo de indexador pode ser positivo para o comprador em situações de financiamento específicas, geralmente de até cinco anos. Nas operações mais longas, por conta da imprevisibilidade em relação à variação, o mais recomendável é adotar a Taxa Referencial (TR), modalidade predominante no mercado.
“Nos contratos atrelados pelo IPCA, a taxa de financiamento inicial deve ficar em torno de 2,95% a 4,95% ao ano, considerando que a previsão é de que o IPCA se mantenha abaixo dos 4% nos próximos anos. Já nos financiamentos indexados pela Taxa Referencial, os juros na Caixa estão hoje entre 8,5% a 9,75% mais TR, que está zerada desde 2017”, explica ela. A última edição do Relatório Focus, pesquisa realizada pelo Banco Central com analistas de mercado, indica que o IPCA deve se manter abaixo de 4% até 2022 – horizonte adotado como referência para o relatório.
A questão é que o IPCA tem sido, historicamente, um índice menos previsível, lembra a advogada. “O comprador deve ter em mente que o contrato será reajustado por um índice volátil, logo se a inflação disparar o custo do financiamento aumentará muito”. Como exemplo dessa volatilidade, ela lembra que, nos últimos cinco anos, o pico do IPCA foi de para 10,67% ao ano (em 2015), ante 2,01% no caso da TR.